terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Mais um ano se vai e eu ausente do meu blog.
Sem problemas.
Ando introspectiva demais, saber ou não da existência de certas coisas, prover algumas mudanças, abraçar vertentes já desativadas, me deixou assim. Fazer o que. Aliás, façamos o seguinte, eu e vcs que me acompanham e deliram comigo,rsrsrs: Deixemos que 2009 venha, rebata em nossas casas, adentre nossos corpos e mentes, sintamos dele todo sabor de esperança e fadiga pelas andanças até aqui. Copiemos sua juventude, disposição e prazer em festejar. Um trato de reis e rainhas,sem dúvida, mas também de muita alegria . Tranquemos à sete chaves o ano ingrato que se foi, que nos deixa apenas a memória e nem sequer apagou a luz. Assim, brindemos logo com as mais belas taças e o mais saboroso champagne!! Deem cá um abraço e rodopios de felicidade, podem até pisar nos meus pés,mas levantem-me se eu não suportar a dor!!!

Me deem mais uma chance, aguardem os meus textos com carinho e um sorrisão que só vcs sabem me dar.

FELIZ 2009 PRA TODOS, PRA GENTE, PRO MUNDO!
Beijos com amor,
Christal.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

HSE - E800 - L9 - Capítulo 6


No domingo, dia cinco, Lulu recebia apenas um "caldo" para beber e chá. Recusava os dois. Aceitava apenas água-de-côco e meu coração de mãe batia lento de tristeza por vê-la pedir pra comer algo feito por mim. Crianças são capazes de nos comover até a alma e mesmo em momentos nos quais se faz necessário não nos comovermos tanto, afinal, era tudo feito de maneira séria e visando o transcorrer tranquilo de uma cirurgia deste porte.


Nesta noite, dormí mal e logo pela manhã bem cedinho troquei a roupinha dela de hospital, coloquei meias em seus pés ( nem me perguntem por que isto ), fiz asseio em seu rosto, ajeitei-lhe os cabelos e ficamos aguardando.

O pai e a irmã chegaram cedo também para acompanhar este dia conosco, alí no hospital. Abracei minha filha mais velha. Nossa, esquecí-me de que ela também precisava de mim, embora de maneira diferente e sentí-me aliviada de vê-la conosco, saber que estava bem e sentí uma saudade enorme de estarmos todos em casa. Mas aquilo tudo passaria logo, não duvidava disso.


Mais ou menos às nove e meia, o maqueiro do centro cirúrgico chegou pra buscar Luísa. O pai havia saído e não retornara. Juntas, eu, ela e Nanda, nos demos as mãos e proferí outra oração; estava difícil segurar as lágrimas. Luísa não tinha esta preocupação, chorava muito, sentia medo. Fui até a porta do CC com ela, me mantive atrás do rapaz que a levava,pois não queria que me visse chorar. Ele mesmo acenara para não fazer isto e após dar um beijo carinhoso em minha filha, descí e fui encontrar-me com a mais velha e o pai.


Era muito forte a emoção e os sentimentos se misturavam entre medo, otimismo, dúvidas e ansiedade. Ficamos sentados do lado de fora do CIPE , conversamos com uma mãe,cujo bebê também seguira para uma operação. Aquela era uma situação destas em que mal se sabe o que falar que não seja sobre nossos filhos, seu nascimento, dores, alegrias. De certo não havia outro assunto que nos interessasse naquele instante. Para nós, talvez fosse o modo mais seguro e eficaz de não nos afastarmos muito deles. Nesta hora vale ser piegas, acreditem. Todos os demais argumentos não seriam suficientes para nos acalmar senão estes. Então, as horas fluíram. Não demorou e o bebê dela chegou, como eu havia previsto, no centro de uma maca que parecia gigante pela pequenez da criança. Foi lindo e engraçado ver aquele "montinho de lençol" chegando, aos berros de fome. Já tinha visto esta cena antes e deu pra achar graça agora.


A cirurgia de minha filha durou umas quatro horas e quarenta. O cirurgião ligou e mandou-me chamar avisando que mais algumas horinhas e poderíamos ver Luísa no CETIPE, para onde ela seguiria. Disse que tudo estava bem, foi tudo como previsto e que ela ficaria lá para uma maior vigilância por se tratar de uma cirurgia grande. Explicou alguma coisa que não ouví direito, pois só chorava, fiquei mais surda ainda e cega.
Quando Nanda e o pai retornaram do almoço, falei que havia terminado e que o Dr. Samuel viria falar conosco antes de descermos ao terceiro andar.
Ele não demorou e nos falou sobre o que fizeram e o que encontraram. Havia mudado a idéia inicial de como seria a incisão, explicou-nos o porquê e que tinha sido retirada a parte superior do rim esquerdo dela, estava necrosado. Esta palavra soou feito uma pedra de uma tonelada em minha cabeça. Havia uma infecção que tomara o rim de minha filha, não tinha outra maneira de agir neste caso,senão a retirada. Apesar dos cuidados devidos, ela necessitara de bolsa de sangue, mas que agora tudo ficaria bem, ela teria vida normal. Perguntas estavam por todo meu corpo,minha mente e coração. Queria que ele respondesse uma via crucis de interrogações que eu tinha, mas percebí-lhe a pressa, a conclusão e tudo que eu desejava era abraçar a minha filhinha naquele momento. Chorei muito consolada pela minha filha mais velha. Poderia estar exagerando,mas aprendí que coração de mãe é uma verdade intrínseca quando berra e ainda restava a resposta da biópsia que viria mais de um mês depois.
Descemos ao terceiro andar e ficamos aguardando a chegada da Luísa .

Antes de descermos, ainda no oitavo andar, o estresse tomava conta de mim, não sabia mais o que fazer, mas algo tinha de ser feito. Respirei do lado de fora, na rampa que dá acesso aos andares, olhei para o mar, a ponte à frente e tentei não focar em nada negativo. Olhei para o céu como deu e fiz uma oração. O calor estava forte, mas uma chuva ensaiava acalmar isso e me dei conta de que nem sabia mais como estava o tempo.


Já à porta do CETIPE, sentada, fui a primeira a avistar a maca que trazia minha Lulu. Levantei e súbito, fiz pararem uns segundos para beijá-la e a enfermeira pediu-me que esperasse,não poderiam ficar alí parados com ela. Entraram, nós atrás, até que nos pediram que sentássemos e aguardássemos pois tinham umas coisas para fazer ainda e logo nos chamariam.

O imenso aparelho de RX foi levado até ela para exames e alí comecei a perceber o quanto era complicado o espaço lá dentro. Num misto de curiosidade e ansiedade, esperamos.


E que espera. Somente faltando pouco para as dezoito horas é que fomos autorizados pela médica de plantão a vermos a nossa pequena. O pai foi primeiro.


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domingo, 2 de novembro de 2008

HSE - E800 - L9 - Capítulo 5

No sábado à noite minha filha começava a ser preparada para a cirurgia. Eu sabia, tinha problemas. O que deveria ter sido feito às vinte horas, demorou uma hora e quinze para ter início; ela relutou, não permitia e usar de força naquele momento era algo simplesmente desumano. Tentei de toda forma convencê-la, até rí em dado instante,pois a maneira dela se expressar ficou cômica a partir dalí. A enfermeira argumentava,tinha ordens a cumprir e um horário pré-determinado. Tudo era cronometrado, mas Luísa destruía toda e qualquer hierarquia naquela noite. E avisava, não estava disposta a colaborar. Isso foi cansativo.
Acabei impondo minha presença e voz ativa; eu e mais duas enfermeiras a seguramos, embora sem força suficiente para machucá-la e acabou cedendo. Foi de fato estressante. E era só o começo.
Quando Vera subia para o descanso, algumas vezes conversávamos por meia horinha e ela falava de uma menina que estava no CETIPE ao lado da filha dela. Tratava-se de Carolina, ou Carol, uma menina de treze anos que lutava contra a leucemia e precisava vencer os obstáculos que se interpunham próximo à data de um transplante. Vera contava seus diálogos com os pais da menina que "moravam" lá num daqueles quarto-boxes, enquanto a filha permanecia ligada à máquinas no interior do CETIPE.
Mariane, a garotinha da enfermaria que estávamos, teve alta sábado de tarde e se foi alegre para casa. A mãe torcia para não precisar voltar mais. E nós, as que ficamos, concordávamos com ela.
No domingo pela manhã, Luísa já não se alimentava mais, estava no soro, sondada e triste.
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sábado, 1 de novembro de 2008

HSE - E800 - L9 - Capítulo 4

Após a cirurgia ( que pareceu interminável para a mãe dela ), Júlia foi para o CETIPE (não me lembro se tinha o "e" no final ), o centro de terapia intensiva pediátrico. Fica no terceiro andar e merece destaque aqui. Verão porque. Vera podia ver a filha e ficar com ela por algumas horas, mas tinha que sair para dormir ou quando o pessoal de lá fazia alguns procedimentos necessários na menina ou em outros pacientes que alí se encontravam. O espaço era bastante restrito visto haver muitas máquinas, alguns leitos, divisórias e pessoal circulando o tempo todo. A simples entrada de um aparelho de rx gerava transtorno e requeria adaptações no espaço. Era uma rotina sem fim e nesta hora, quem acompanhava tinha que ficar do lado de fora da porta de vidro sentado num banco macio à espera de novo chamado para entrar. Quando chegavam alí também aguardavam serem chamados e os pais eram as únicas pessoas autorizadas a entrarem . Lavávamos as mãos e braços e vestíamos um jalecão apropriado para o local.
CETIPE ( com ou sem "e" )
Localizado no terceiro andar do hospital, o CETIPE era reservado para crianças em estado de alto risco e, ou, casos crônicos e graves que requeriam maior vigilâcia. Crianças de zero a dezenove anos, diga-se como certo aqui. Na entrada, duas guardas do próprio hospital restringiam a passagem"filtrando" quem entrava e o que faria alí. Do lado de dentro,caminhava-se até um hall e dobrava-se à direita indo até o final do corredor onde estava a porta de vidro. Se olhássemos para o lado oposto a visão parecia infinita. Extenso corredor para ambos os lados. No caminho, via-se "boxes-quartos" onde ficavam pacientes crônicos ou em tratamento e seus acompanhantes, em sua maioria mães. Não vou me alongar muito nesta descrição, até porque evitei instintivamente não me ocupar tanto do campo visual neste local nem expôr a minha curiosidade a tanto. Mas deu pra ao menos me inteirar de que eram casos realmente muito graves e com os quais eu não gostaria de lidar jamais.
No final do dia de sexta-feira, Vera subiu e nos falou de sua menina, que estava bem e que ela iria descansar e estar bem na manhã seguinte para voltar ao lado da filha. Ótima decisão, o melhor era mesmo dormir um pouco, comer algo no dia seguinte pela manhã e encarar corajosamente a situação. Aliás, mais tarde eu perceberia o quanto aquela mulher era forte e inteligente. Simples, humilde, oito filhos e uma verdade incontestável.
No sábado à noite, começariam os procedimentos pré-operatórios de Luísa.
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HSE - E800 - L9 -Capítulo 3

Logo no primeiro dia, curiosa e me sentindo a última bolacha do pacote, fui aos poucos me ajeitando em conversas aqui e acolá, andava pelo pequeno espaço do lado de fora das enfermarias e tomava ciência de alguns fatos e procedimentos dalí. A pequena Mariane seria operada de um problema na garganta que não compreendí bem a causa. Já havia passado pela primeira cirurgia, mas algo voltara a acontecer e lá estava ela, pronta para a segunda tentativa. Eu e a mãe dela conversamos alguns momentos. Vera, mãe de Júlia chegou ao anoitecer e já encontrou a filha com os procedimentos pré-cirúrgicos em andamento. A menina sofrera lavagem intestinal e sondagem estomacal. Tudo para "limpar" totalmente o intestino que,segundo o Dr. Samuel ( o "Samuca", segundo Lulu ), era absolutamente necessário.
Luísa estremeceu ao saber que passaria pelo mesmo e começou a armar uma rejeição seguida de choro constante e medo,obviamente. Todos nós sentimos medo diante do desconhecido e este aumenta qdo o assistimos em outrem. Eu sabia que ela daria trabalho,antevia o problema e tentava não passar-lhe isto, tranquilizava-a dizendo que "cada caso era diferente"; a resposta dela vinha em forma de mais choro e impaciência. Ver a outra menina,de idade igual, passar por tudo aquilo, trouxe pra Luísa a sensação de que não deveria estar alí. Então, repetia baixinho e em lágrimas para mim: "Mãe, me "desinterna",por favor, chame o papai e vamos embora daqui, eu fiz a "cirurgia espiritual",estou bem,não preciso operar agora aqui,neste hospital, você disse que eu ficaria bem." É, eu disse de fato e ela estava bem. O que eu não sabia era como explicar-lhe que a "cirurgia espiritual" havia retirado dela a possível CAUSA do problema; o EFEITO prosseguia e fazia-se míster a sua retirada. Com toda certeza, nada retornaria, mas ainda restava o que ser feito e tinha de ser alí. Muitas horas eu me confundia em pensamentos e quanto mais pensava,mais ardia em dúvidas e propostas. E se? Era o que mais me vinha à mente. Foram vários "e se?". Não podia transparecer para Luísa,então começamos a brincar, desenhar, fazer-de-conta.
Júlia foi operada na sexta-feira, dia três. Ela tinha um tumor no intestino já até visível à olho nu, que coisa. Antes dela seguir para o centro cirúrgico, reuní as meninas e mães numa oração poderosa; demos as mãos e eu proferí a oração. Foi de arrepiar!!! Mariane foi em seguida.
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HSE - E800 - L9 - Capítulo 2



Antes de mais nada, vou esclarecer que não mencionarei alguns detalhes por questão sentimental mesmo.




O CIPE não é muito grande, à entrada observa-se boa parte dele através de uma porta de blindex. Do lado de fora,há umas cadeiras brancas lado a lado onde mães e pais aguardam a internação de seus bebês,crianças. Alí permanecemos até a chegada da Dra. Helena que nos conduziu à enfermaria e ao leito onde Luísa ficaria por doze dias. Ela nos esclareceu os próximos procedimentos, deu algumas explicações acerca da rotina do CIPE e nos deixou aos cuidados de enfermeiras. Deixe-me descrever de forma simples o que é o CIPE:




Na entrada, a esquerda, fica a sala de "expurgo"; seguindo, a copa onde as crianças fazem refeições ( são seis ao todo ), a sala das enfermeiras, o banheiro das crianças. No centro fica o posto de enfermagem e continuando na esquerda vem duas enfermarias com quatro berços cada uma. No final, duas salas lado a lado também que servem de apoio para médicos e enfermeiras. À direita de quem entra fica a sala onde médicos atuam,agendam cirurgias,consultam se necessário e pesam as crianças. Depois vem a sala de procedimentos, o banheiro usado pelos acompanhantes ( eu usava este ) e duas enfermarias com três leitos cada uma para crianças maiores, claro. Em todas as quatro enfermarias havia uma cadeira para cada acompanhante; elas não são confortáveis,mas bem melhor que as tradicionais de fibra, além do que,reclinavam totalmente para que dormíssemos. Ou,pelo menos,tentássemos. Não achei ruim não,apenas não me adaptei como pensava. Esta talvez tenha sido uma das partes engraçadas ( sim, por que não? Em tudo o que passamos na vida precisamos da parte engraçada;assim, torna-se mais leve o fardo! ). Eu não conseguía me entender com a engrenagem que a fazia reclinar,sempre precisava de ajuda e ao acordar fazia o maior barulhão para retorná-la a posição inicial, era muito estrondoso pois toda a parte de ferro estava sêca demais,o ranger era absurdo, isso me fazia rir muito,acreditem. Quem ainda dormia, era despertado pelo barulho,alguns se assustavam. Isso num hospital soava mal educado e totalmente inapropriado, mas o que eu poderia fazer, estava fora de controle pra mim. E olha que várias vezes eu mesma sugerí um rápido "curso" de conduta para acompanhantes; Absolutamente necessário,mas nem vou explicar muito o porquê, seria difícil, creiam-me.


Quando Luísa foi internada, a enfermaria estava vazia. Crianças tiveram "alta" . Aliás, esta é uma das coisas que me chamaram atenção logo de início. A rotatividade de cirurgias feitas. Entrava e saía criança que não me lembro de todas. Notei que, para as cirurgias mais simples, a internação era de no máximo dois,às vezes três dias. Havia criança que operava e ia embora no mesmo dia. Não posso citar nomes técnicos nem detalhar pois sou absolutamente leiga a este respeito. Mas ouvia, perguntava, a curiosidade me é peculiar, a sombra da escritora me persegue de tal modo que não resistia. Até porque não havia muito o que fazer antes da cirurgia de minha filha, que aconteceria na segunda, dia seis. A enfermaria ao lado abrigava crianças com cirurgias mais simples, este foi um detalhe que não deixei escapar. Não era via de regra,mas naqueles dias valeu para tanto.




Como acompanhante, eu tinha direito à três refeições: Desjejum, almoço e jantar. Descia ao térreo,saía pela direita do pátio de encontro ao refeitório do hospital. Esta parte teve seu lado bom e ruim. Bom que eu podia sair um pouco, sei lá, ver o sol, o céu, respirar sem sentir o cheiro do éter, dos perfumes e sabonetes dos acompanhantes, poder comer algo que não fui eu quem cozinhou ( isso adorei! ). Ruim porque tinha que sair de perto da Luísa, ver seus olhinhos brilharem em lágrimas por me afastar, saber que ela não estava vendo o céu, o sol, a chuva, saber que estava me alimentando e ela fazendo a dieta necessária. Mas pelo menos um pouco disso eu conseguí mudar adiante e depois saberão como. No dia da internação, após deixar minha filha devidamente "almoçada" e no leito, descí pra almoçar também.




À tarde, mais duas internações na enfermaria onde estávamos: A menina Júlia, da mesma idade da Luísa, e Mariane, de seis anos. Júlia estava acompanhada do pai pois a mãe, Vera, estava no trabalho e viria mais tarde pra ficar com ela e Mariane estava com a mãe mesmo.


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HSE - E800 - L9 - Capítulo 1


Escolhí o desenrolar dos fatos pra poder transpor aqui o que eu viví, a experiência eficaz e certamente adotada como foco de maturidade. Já havia falado antes sobre o que descobrimos sobre a saúde de minha filha de dez anos. O novelo foi,aos poucos,desenrolando e a novela ganhando capítulos desenhados na alma e no coração!


O caminho não poderia ser outro. Como nosso plano de saúde é ambulatorial, deixaram-nos as duas prováveis opções: Hospital do Fundão ou HSE. A trilha levava ao segundo,pois era lá que estava concentrada a equipe de especialistas, melhor unidade de terapia intensiva para ela e onde o pai tinha a indicação de uma pessoa importante. Hospital público tem isso e como disse esta pessoa importante: "Nestas horas,ou você tem um plano de saúde completo e bom ou segue para um hospital público". É, de preferência, com um bom indicativo!


O primeiro exame acusava abcesso no rim esquerdo. Aos poucos, a cada vez que íamos ao hospital em dia e hora marcados, reuníamos mais exames que nos eram solicitados. E que o nosso plano cobria. Isso facilitou, encurtou a jornada. Por fim, a decisão pela cirurgia, que eu tomei como "sentença", afinal, falava-se de minha filha,uma criança de dez anos e de uma patologia considerada incomum e anormal para esta idade. Desesperei? Ainda não. Havia quem apostasse num surto de minha parte. E havia também quem não acreditasse em nada disso que acontecia. Fiquei no segundo grupo! Mas,enfim, no dia dois de outubro, numa consulta solicitada, o cirurgião chefe de equipe,optou pela internação. Deveria ter sido quatro dias antes,mas Luísa apresentou febre alta e uma infecção acusada em exame de sangue, a qual não identificaram a origem. Estranho, pensei, nenhuma conclusão e no pronto socorro que a levamos ainda lhe aplicaram uma injeção de bezentasil. Absurdo? Eu me perguntava por que isso já que não haviam identificado a infecção. "Combate tudo",foi a resposta, acompanhada do aval do pai dela.

São tantas vertentes para o caso que eu já não encontrava raciocínio lógico,mas a minha intuição falava que absurdos deveriam ser evitados. Quando não se age sozinha, se encontra barreiras contra. O pior é que havia a dependência, no meu caso, de não estar só.


Luísa foi internada no oitavo andar do HSE, enfermaria oitocentos,leito nove, mais ou menos às dez horas da manhã do dia dois de outubro. Este setor,chama-se CIPE - Cirurgia Pediátrica.

Aí, começava para nós duas,obviamente, aquela que viria a ser a nossa experiência mais confusa , de valor inestimável. E que,de certa forma, nos será muito útil daqui pra frente.


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sábado, 30 de agosto de 2008


Tenho centralizado muito o meu círculo de vícios.

Não me sobra mais tempo pra exercitar o pólo de letras que insiste em meu cérebro.


Tenho sonhado, dormido e nem me lembro que o tempo não pára comigo. Estou numa explosão de medo, bloqueando o pensamento infiel e largo se aproximando da realidade. Eu explico, mas não permito acalentos e sentimentalismo que possam me deixar à deriva na escuridão. É muito difícil o correr das horas, dos dias e não me lembrem que a vida é assim para todos. Sou mesquinha nestas horas, não espalho realidades.


tres semanas, descobrí, durante exame de investigação, que a minha filha de 10 anos está com uma "massa heterogênea" não diagnosticada no rim esquerdo. O rol de sentimentos é imenso,mas talvez tenha sido a surpresa o fator mais consistente aqui. Esperava, sinceramente, uma gastrite ou algo que o valha. Jamais a sombra que se instalou em mim.

Nos últimos dias, incansáveis pra mim mas estressantes, nos dedicamos a idas e vindas à juntas médicas, exames e mais exames, máquinas num entra e sai que, para ela, constitui exaustão e incômodo. Nos primeiros dias após a descoberta de sabe-se-lá-o-que, me rodeada de lágrimas que me fizerem sentir uma ilha onde apenas a noite permeia e monstros nadam ao redor. Mas reagí corajosamente, impus trégua e bloqueio feito um anjo de imensas asas que as mantém abertas e impede a passagem de tudo quanto nos lembre tristeza e dúvida.

Pois é. Mas é justo a dúvida, embaçada, viscosa, latente, que nos faz retesar até a alma e bate incansável à porta de meu coração todas as manhãs. E eu tento,reinvento, sustento, não desisto.

Estamos levando,ou pelo menos tentando levar, uma rotina absolutamente igual antes,porém, separando força e amparo uns aos outros para os dias de hospital. Nada foi mudado,até então, e o trabalho é abraço fraterno indicando dias melhores.

O filme de um passado próximo encanta pela destreza e mágica de sentimentos puros e alegria latente. Eu assisto tudo de olhos fechados e é nesta hora que me concentro em Deus e confio na vitória de minha filha contra este adversário infeliz,mas totalmente fraco diante de nossa força que, junto a ela, embate absoluta e altiva.


Então é isso. As janelas jamais se fecharão em definitivo,mas aguardo um dia de sol quente e brisa fresca pra abrí-las plenamente e deixar entrar o calor de aplausos diante de uma vitória já anunciada!


Meu coração segue em paz, acalentando tão somente o olhar brilhante e macio de minha filha, sua alegria, sua vivacidade e inteligência diante de tudo em sua tenra idade. A perspicácia que lhe é nata e minha fé maior!


sábado, 5 de julho de 2008

RESPOSTA EMOCIONANTE...


"PAZ


EU POSSO TER PAZ...


POSSO!


EU POSSO FAZER PAZ...


POSSO!


EU POSSO ESPALHAR PAZ..


POSSO!


EU TAMBÉM CONSIGO ALCANÇAR A PAZ!!!!"


POR LUÍSA...MINHA FILHA DE 9 ANOS.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

CORAÇÃO FERIDO...


É assim que me sinto hoje: Roxa!!!

De raiva, de medo, de tristeza e repulsa impressionantes.

Não conseguí trabalhar direito, não me alimentei, não ouví música, não cantei...apenas chorei!

E fiquei me perguntando por que o ser humano utiliza tanto de sua capacidade e inteligencia para destruir e deixar fenecer a esperança do seu semelhante. Instruí os meus neurônios a buscar respostas convictas e ininterruptas, mas nada conseguí. Talvez por achar demais perigoso atravessar os limites neurolinguísticos, a minha parte intencional nem surtiu efeito.

O que dizer de um pai que se utiliza do filho menor, criança em toda a sua forma e nobreza, para alcançar objetivos pútridos e totalmente inconvenientes?

Passei meu dia espantando fantasmas, desempoeirando mágoas já assentadas, revivendo planos e sonhos cimentados. Calculei milimetricamente cada passo a ser seguido daqui por diante e refiz todo o caminho traçado,qual pastor em campo cercando suas ovelhas. Mentalizei todo minuto a ser gasto e me impus o tempo limite para o desenlace de mais este triste episódio!

Ser mãe para uns, nada vai além da gestação e glamour de novas descobertas, de choro e demandas marcantes de sentimentos em profusão!

Para mim, ser mãe ultrapassa todas a barreiras, transpõe fronteiras e suporta as feridas. Coloca-me na posição de fêmea atenta e enfurecida, extremamente perigosa no trato com quem fere sua cria. Afina-me com a natureza viral e orquestrada de atitudes cautelosas e eficazes contra todo aquele que interfere na harmonioza convivência entre mãe e filhos.

E a tarde esvai-se em chuva forte e pouca visibilidade.

Quem sabe alterando o espaço e vida aqui existente...


terça-feira, 24 de junho de 2008

FEITO UMA FÊNIX!


Muito difícil o recomeço!

Mas eu já imaginava... Quero dizer, não se imagina uma coisa dessas,

a gente vai lendo por aí.

E acaba chegando nisso, neste confuso momento.

Você pensa que sabia muito,

mas na verdade não sabia mais nada.

Virou dinossaura sem perceber.

Dormia com aquele pijaminha curto de malha,

ao lado daquele short igualmente "demodê"

e não ligava se a lingerie já não estava mais na cor da paixão. Ficou,por assim dizer, "bége" por escolha sua, era mais fácil de combinar com suas blusinhas claras da hering. Não que tenha deixado de ser feminina, porém, aqueles apetrechos todos sensuais pararam de compôr seu orçamento, justamente quando os dele, tão pouco existentes, submergiram. Aí, você entra em fase diferente. Tão de repente como saiu da outra. E aqueles fios de cabelo branco, justo alí na frente, cobram aquela visita ao cabeleireiro há muito adiada. Mas não, seu novo status não lhe permite assiduidade e pede espaço entre idas e vindas. E você acaba enfrentando sozinha este desafio e trauma!! É preciso cuidar-se e da aparência toda de uma só vez,pois você está em evidência de novo. E acredite, nada mais nítido do que uma mulher recém separada. Está novamente exposta. E o turbilhão de candidatos, ainda que casuais,rsrs, que lhe indicam?? Às vezes é cômico o desenlace...

Preste só atenção: É uma tia lhe contando que o vizinho dela enviuvou; é uma colega de trabalho avisando "que tem um cara novo no almoxarifado"; É a amiga do msn convidando pra balada,pois "o amigo dela solteiro" estará lá; outra amiga lhe trazendo a "ótima notícia" de que um parente acaba de se divorciar e "é feito uma uva para você"; além,claro, do fato meteórico de que ele reside em sua cidade!! É, você agora é caça e caçadora. Pelo menos para os outros.

O que não sabem, não fazem idéia,sequer perguntam, é que você está com o coração em férias. E por que não? Sair de mala e cuia pra estação solidão e tomar o primeiro trem-bala rumo à si mesma. Sim, retomar a sua vida, suas intenções e sonhos. Olhar-se e amar o que vê. Redescobrir-se e a tudo que ficou reticente no pensamento. E que não lhe atravesse à frente nenhum sofista ou personal sabe-se-lá-de-que. Você é tudo o que necessita agora!

Coração? Mas quem fala em coração? O que lhe desejam são muitos orgasmos e o que classificam por "voltar a viver". E acaso você não vivia? Ah,sim, era vida, mas ficava devendo a parte do orgasmo,rsrsrs!

O momento do coração virá, requer paciência e civilizar a alma esquecida, enraizada.

Libertar é preciso.

Resgatar é um processo lento.

Mas a gente torce mesmo é pra quando ele chegar, seja pela tia, colega ou amiga, que pelo menos a operadora de celular dele seja a mesma que a sua!!!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

LIBERDADE

Por que a liberdade assusta tanto depois da reclusão por anos sentida?
Há alguns "nós" a serem dasatados, poeira pra ser retirada, chão passado à limpo,
quimeras importadas!!!
O vento que sopra e traduz frio em janela fechada, por sí só deixaria o inferno mais
fresco, hora não fosse a tormenta do fogo infinito.
Não se diria o coração apertado, a mente vazia, os sonhos deletados,
não fosse a lembrança ofuscada e presença sombria de temores concretos.
Por que a liberdade não se toca, não sente a mão estendida,
não alivia as dores de uma alma em prantos,
de uma mãe em semblante cálido e despido,
a buscar rizomas profundos !
O que atrai a litigiosa paixão,
desencadeia o choro perdido e embalado pela solidão,
que não se detém ao cair da noite, da escuridão,
e entrelaça metas não cumpridas.
Oh! Liberdade enfática e distante!!
Qual braço lhe alcançaria?
Qual voz lhe gritaria,
no berço autista e prudente,
que meu desejo desperta e promete servir sempre!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

POEMA PARA ARGENTINA!



Em águas prateadas e de luz,
Espanha navega e consolida.
Do latim vem um nome , “la plata”, Argentum e Argentina afinal!
Entre a Cordilheira dos Andes, de Pampas e Terra do Fogo,
Viverás em clima temperado e seguirás o caminho da luz!
Mas a luta é eminente, clamor de liberdade e dignidade,
Faz-se sangue e poesia, gerando a história,
Lá vem a defunta Correa!
E finalmente a bandeira erguida e orgulhosa, teu 9 de julho: Argentina!
E mais tardia, teus filhos buscarão a paz, entre Perón e De la Rua, muita guerra verás, recessão e decadência.
Mas chegará Cristina e tua casa organizará.
Me venha dom Diego e teu povo alegrará,
Gardel que se prepare, moços se aprumem,
Dança de fogo e tristeza , capital de acolhida.
Seguirás teu caminho, em um compasso infinito.
Nas Mercedes e nova canção.
E no dia que me quiseres,
O tango será a moldura,
Falaremos castelhano... em minha Buenos Aires querida!!!


sábado, 24 de maio de 2008

SAI DESSA...


O que me tira do sério nem sempre retorna ao normal. Fica algo inacabado e incerto, como que planejando eternamente o desapego de quem o causou!



Esta semana acredito ter perdido a confiança em alguém que muito fez por merecê-la. Meio que intolerante diante de um mal momento meu, ou talvez, sem a parcela de entendimento necessária à nossa troca de energia verbal. Sei lá. É a minha dicotomia sinalizando a hora certeira do capítulo seguinte.



E me pegou de surpresa. Taí um mérito que poucos têem, por isso mesmo considerar imensamente o fato e a pessoa em questão. E me deixou, viajante incrédula, no limiar de uma bifurcação!!! Sai dessa que eu quero ver...



Mágoas sim, esquecimento acelerado antes que venha o desejo de réplica e falte-me o reforço da calmaria e polidez!!! Não valerá a pena. Melhor deixar a desdita pelo avesso e arrancar à marcha ré. Lá atrás, provavelmente, ficou um rastro do que deveria ter sido a amizade e deitar conhecimento antes de confiar!!



Pra quem entendeu, mil beijos e reverências!

Pra quem "boiou", o mesmo!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ÉRAMOS TRÊS!!


Ao longo destes meus vinte e um anos de Rio de Janeiro, nem tudo foi normal, nem todos que vieram ficaram, algumas pessoas passaram simplesmente, outras se arrastam ainda em minha sombra. Porém, algumas delas marcaram espaço e evocam, vez em quando, as minhas lembranças. E o mais interessante é que pessoas e momentos me parecem repetir o passado em dias presentes. Mas isso depois explico...
Éramos três: Denise ( com "i" e "s" ), Sandra e eu.
Denise era a mais engraçada, falava palavrão como quem bebe água, tinha uma experiência de vida das mais tumultuadas, por vezes triste, mas jamais normal. Cheguei a acreditar que ela nem sabia o significado de metade das palavras que dizia. Elogiava mulheres elegantes sem,contudo, conseguir ser uma delas. Se esforçava uma ou outra vez,mas não conseguia. O que lhe faltava era assumir que seu estilo era outro, sua personalidade não condizia com o que admirava,mas era muito boa companhia para quem quisesse rir muito!!!
Sandra, casada pela segunda vez, tinha uma filha do primeiro marido e um casal do segundo. Detestava acordar cedo, vivia atrasada, dirigia muito bem e não ligava pra vida doméstica. Seu "lance" era fumar, sair muito e beber umas cervejinhas. Ela era o que eu defino "boa vida". Não era rica, mas não se importava muito com coisas do dinheiro,queria diversão. Foi apresentada à Denise por mim.
E eu, considerada por elas como "a certinha", a politicamente correta. Casa sempre impecável, a filha ( na ocasião só tinha uma ) linda,bem cuidada, marido fiel ( ? ), estas coisas "normais". Toda tarde vinham à minha casa,depois de colocar os filhos na escola, feito eu, pra tomarmos café e conversar. Não posso negar que ria muito, sentia prazer na companhia delas, mas quase nunca saíamos juntas. Pelo machismo e egoísmo do marido, eu não poderia sair com elas, seria considerada traidora e vagabunda. É... quando não se escolhe bem o companheiro, dá nisso. Não saía nem com ele, sempre havia uma desculpa. Mas isso é assunto pra outro capítulo,rs!
A casa da Denise era nosso "point" de verão e comemorações. Ah!!! Festas memoráveis tivemos alí. Lembro de um reveillon com as amigas juntas, as famílias, as crianças e o banho de piscina à meia noite. A casa dela ainda está lá, enorme, mas exigindo cuidados urgentes que nem ela nem o marido,( ops, agora é ex ) se dispõem a dar. Uma pena! Sandra não fala mais com Denise, muita coisa aconteceu que nem sei mais. Mudei-me pra um bairro totalmente contra-mão para ambas as duas, que ainda moram na mesma rua. Denise se separou, mas ainda vive na mesma casa com o ex por não ter emprego nem como se sustentar sozinha. Os meninos cresceram, cada um com um destino diferente,mas não gostam de estudar. Sandra já é avó. A primeira filha casou e lhe deu um neto, que ela cuida, pasmem, acordando cedinho para isso! O outro casal de filhos cresceu tbm, o rapaz trabalha,não gosta de estudar e a mocinha é estudiosa,ficou linda e namoradeira que só.
E eu, minha filha mais velha já é quase uma jornalista, muito inteligente. Tenho a Lulu, esperta, linda, artista nata e mau humorada!!! A casa é cuidada,mas não tanto quanto antes. Também me separei e ainda vivo com o ex, mas a minha história é outra, bem diferente da minha amiga Denise. Espero em Deus poder sair daqui ainda este ano. É isso.
Mas a saudade daquele tempo fica sem saber pra onde ir, já que agora trabalho, não as vejo mais com frequência e continuo na contra-mão! Recentemente estive na casa da Denise e ela ainda falava com a Sandra. Brigaram logo depois,nem sei o motivo. Mas isso não importa, para mim ainda somos três amigas, mesmo que na memória desta aprendiz de escritora e sempre sonhadora!!!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

UM DIA DE CADA VEZ.



Só nos damos conta das coisas simples em determinados momentos ou fases de nossa vida. Descobrí que sou tão vulnerável quanto papel na chuva, mas que também me transformo feito ele depois de um mergulho nas profundezas pluviais. Foi por um dia feito hoje, que refiz um caminho já há muito ignorado e empoeirado na memória...


Comemoração do "dia das mães" no colégio de minha filha caçula e jamais, sob nenhum pretexto faltaria. Assim sempre foi e sempre será. Conheço , mas não aprovei em tempo algum, a forma como o fazem, a maneira de conduzirem a data,mas enfim, sou uma andorinha em vôo solo e cinzento. Até já ousei comentário e sugestão,sem efeito. No entanto, este ano, foi grata a surpresa.


Por questão financeira ou sentimental, o que não vem ao caso, optaram por uma coisa bem simples, uma idéia remota mas extremamente feliz e saudável para todos. As crianças confeccionaram, adaptaram o presente para as mamães. Não poderiam ter tido escolha melhor! Havia mesa com bolo e docinhos,tipicamente de uma festa e as crianças prepararam pequenas encenações, corais ou recitaram poesias. Tudo bem simples,mas de bom gosto e tocante mesmo. Chorei desde a primeira apresentação. Minha filha é uma escritora por natureza e é dela todo texto,toda peça,todo ensaio solicitado pela escola. Este ano não foi diferente. E lá estava eu, no aglomerado de gente; mães,pais,avós,tias,uma multidão ávida em tirar fotos,atender celulares, trocar gracejos e buscando o melhor ângulo para serem notadas.


O que me chamou atenção foi ter podido,pela primeira vez,observar as pessoas que alí se encontravam sob novo contexto e direção. Impressiona que tanta importância se dê ao tão famigerado 'ter" enquanto as crianças que alí estavam nada mais precisavam do que o par de olhos da mãe, reluzente e feliz em vê-los ansiosos e orgulhosos em mostrar o motivo de tantos ensaios, tanto preparo muita dedicação! Ao invés disso, clamavam seus carros novos, temiam amassar a roupa e atendiam em profusão seus celulares de última geração. Sustentavam suas poderosas máquinas digitais como quem sustenta o troféu de grande prêmio vencido. Comparavam-se umas as outras feito ourives analisando pedras preciosas. E tudo afinal fez sentido para mim. De um lado, a simplicidade das crianças, de outro a ostentação e poder. E no meio, a inigualável oportunidade de ensinamento e aprendizado!


O grande e verdadeiro prêmio quem levou fui eu. Sentada à frente das crianças da turma de minha filha que se preparavam para iniciar a apresentação deles, já começava a derramar minhas lagriminhas quando a professora tomou o microfone e mandou: "A nossa escritora, autora do texto que agora apresentamos, está por demais nervosa para apresentá-lo. É dela o direito à isto e para acalmá-la e tudo correr bem, solicito a presença de sua mãe a seu lado neste momento".


Ferrou!!!


A única mãe, naquela multidão toda, que ficaria em destaque absoluto e ao lado da filha num momento como este. As pernas tremeram, mas a última coisa que faria era retroceder. De jeito nenhum. E fui pra lá, feito destaque em desfile ( rsrs ), abraçar minha filha e receber aplausos enquanto ela iniciava a leitura. Ao final, nosso abraço emocionante e molhado de lágrimas, enquanto aplaudiam mais e mais. Quem gostou ficou de pé, quem não gostou tbm,rs...


Na apresentação de uma turma vizinha à dela, um pequeno teatro, onde um menino representando Deus dizia à uma criança que reencarnaria: " O Anjo que te acompanhará por toda existência, chamarás de MÃE!!!"


E viva a minha peneira!!!!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - PARTE 2




Quando se toma toda a consciência do que se passa ao seu redor, ainda não se sabe o que está por vir. Na verdade, a "ponta do iceberg" não é vista à olho nu, não há tempo nem sabedoria que a torne fácil e desnuda. Sentimos tudo e nos parece esfriar todo o corpo e arder a alma em questões e prazeres esquecidos. Tornamos-nos estranhas à nós mesmas e todas as outras coisas que antes faziam sentido, esvaziam-se de nossa vida!



Após o "choque", as providências. E tomadas de uma a uma, numa prioridade que varia de acordo com o tamanho da surra, a extensão de palavras e injúrias, as mágoas, a quantidade de lágrimas ( ou não ) e a integridade da razão. Sentimento?? Este fica guardado na gaveta. Foi cruelmente aniquilado e por tempo indeterminado. Agora somos apenas seres humanos, mães em potencial e mulheres por imposição. E é exato este o caminho das pedras...e que pedras!!



Quem inventou a união,trouxe por tabela, a separação. Desunião é contrário,não se aplica aqui, não é do nosso dicionário agora,já passou e foi um dos motivos. O que a gente não sabe, não é explicado e não acompanha bula, é que este é um lento e doloroso processo, em que a cada dia, mais surpresas desagradáveis se esparramam e menos de nós vai sobrando pra contar a história toda de uma só vez. Se a gente não tem filhos, junta os pertences e sai logo da agonia. Não lamenta no chão, não cerra círculos, derrete-os! Mas qdo eles existem, há ainda muito mais pra vivenciar desta ausência de nós mesmas, deste abismo que se apresenta eloquente e envaidecido por nos sugar.



A parte que não se entrega, não minimiza as dores, não encerra a voz dos atos e da tocaia infeliz aos nossos méritos, tudo torna noite eterna e se compraz numa vingança incompatível e atroz. Quem apanhou, quem desmereceu , se entrega ao ostracismo e vaga em dias de intranquilidade, medo e tristeza ao ver os filhos amados, serem, um a um, envolvidos numa cruel e absolutamente desnecessária guerra que nos parece cada vez mais irrefreável. COVARDIA!!



Tal qual Anjo em fúria, questiona-se a ausência de suas necessidades, implode o carinho outrora aquecido e descem vertiginosamente as lágrimas infantis. O amor até alí espontâneo, torna-se agora supérfluo para aquele que causa a dor, a apatia e o descaso. Vêem os laudos negativos e escuros de um tratamento dispensado e subterfúgios são absorvidos feito água em esponja e aí coloca-se em "xeque-mate" uma infância iluminada!



A violência doméstica, não só cospe desilusão na mulher vítima, como tbm e certamente se lança sobre os inocentes antes abrigados ao amor de mãe cujo coração agora é o meão silencioso nesta guerra. Soa o alerta mais uma vez, está lançada a coragem e os passos seguem em frente em busca do embate final,deixando nas trincheiras mal acomodados, os filhos que nada pediram, pouco exigiram e muito agora arrebatam as sobras do que um dia foi a paz!!!



Numa guerra não há culpados, não existem os vencedores. Há perdas, há abnegação dos que se reconhecem no erro e há sobreviventes. Mas há tbm o medo, o frio e a fome. Talvez não de alimentos físicos, mas espirituais! E quase sempre, aquele que se julga vencedor, não pode desfrutar do troféu e da verdade, precisa primeiro enterrar seus mortos e refazer sua vida. Galgar, um por vez os degraus da nova vida e afastar pacientemente as pedras que irão surgir. Precisa sabedoria e recomeço e não tem tempo sequer de verter as próprias lágrimas. Acolhe o trabalho e enlaça o otimismo. Afinal, sempre haverá um laço, uma flor, uma janela aberta para vislumbrar o novo nascer do sol!!!

E não é que ele nasce para todos, o sol está em cada um ! É que alguns não conseguem perceber o exato instante em que ele se revela à nós!

ASAS - PARTE 1

O perigo de se estar bem próximo ao penhasco, é que muitas vezes a terra está se desprendendo e não tomamos conta disso. Um passo em falso e caímos no vazio sem volta. E, acredite ou não, nem sempre o chão é o limite. O encanto da paisagem, do vento e da sensação de liberdade não costuma valer tanto empenho e coragem. Vislumbrar a imensidão do alto, não se ater a pastagens apenas, pode se transformar num elo disforme para o arrependimento. Há quem se desfaça de toda roupagem segura de alma e parta feliz e soberbo nesta direção. Há os que caminham lento, provendo verdadeiros freios hora e meia. Há os que colocam um pé de cada vez e retrocedem os dois juntos. Mas há tbm aqueles que,além de se colocarem à frente dos outros,estendem as mãos para trás buscando as de outrem e os impulsionam velozmente. Muitos acreditam que podem voar, as asas lhe são natas e ocultas,esperando o grato momento de se abrirem e assim, alçarem vôos mais tranquilos e encantadores!


E eu?


Onde me permito estar entre todos estes? Onde me guardam asas, instantes de permissão e sagacidade?


Busco minha rota, talvez o meu penhasco não esteja onde o deixei ou, provavelmente já o tenha esquecido. Caminhos que levam diferem dos que nos trazem de volta e a terra pode ter ficado estável demais pra me fazer escorregar e cair. Ou então, alguém está me estendendo as mãos, tentando me alcançar e dar impulso,mas estou distraída demais pra perceber!!!


Mas tenho asas...sempre as tive. Embora na maioria das vezes me esqueça disso!


sábado, 3 de maio de 2008

UM CERTO OLHAR, UM CERTO ALGUÉM

Não quero falar de um olhar comum, de um lugar à dois.

A linha que separa o impróprio do desejo é muito ética, não permite divagações. Mas há que se lembrar da vida que contém , anima o pensamento e explode em vontade o corpo viril.

Não posso esperar daquele instante, o gotejar de palavras desconexas e não permitidas em variar a direção, mas ainda assim, posso me ater àquele olhar intencionado que incendeia e pressupõe!

Um certo olhar, um certo alguém...e a insistência em subtrair de quem nada mais tem, alguma coisa de sobrevivente. O brilho que seduz e alimenta a quem nenhuma vontade mais possui. A côr que enfeita o dia da pessoa que se tornou preto e branco e persiste na ausência de um jardim!

Um dia de olhar vazio, o que aparece e preenche, que sacode as folhas sêcas e arrasta pro nada mais, quem tudo precisa ter!

Poderia ser qualquer coisa,qualquer dia, mas foi apenas um certo olhar e um certo alguém!

quarta-feira, 30 de abril de 2008


Tenho um amigo virtual há dois anos, aqui mesmo do Rio mas que jamais nos vimos. Marcamos alguns encontros,mas sempre adiávamos. Eu o admiro muito, acho que ele tbm sente isso, somos amigos MESMO, dividimos muita coisa um com o outro e nos divertimos bastante por aqui. Semana passada achamos que já estava na hora de nos encontrarmos, aproveitando um momento de interesse mútuo marcamos para terça ( ontem ). Fui pra cidade ( Ah, a cidade! ) e liguei pra ele avisando que estava lá. Ele chegou, fomos pra um café bastante simpático que eu já conhecia,rs. Off topic: Gente, que gatoooooooooooooooo,hehehe. Tá,né. Então, começamos a conversar, ele pediu um suco de laranja e eu um capuccino. Só pra constar, pra encontrar um gato destes de 28 aninhos, qual mulher iria vestida de burca? Pois é, nem eu. Estava de minisaia,hehehe. Tudo bem, papo vai,papo vem, até ele começar a narrar uma passagem de sua infância. Em dado momento, na empolgação,sei lá, a mão dele derrubou o copo, que ainda estava cheio, e o suco todo veio parar nas minhas pernas. De cima, abaixo!!!! Imaginem só, aquela coisa amarela e viscosa escorrendo pernas abaixo feito cachoeira!!! E ainda de quebra, pra enfeitar, aquelas sementinhas que minha filha chama de "grilinhos" no suco,hehehe. Qualquer uma daria faniquito. Não eu,rs. O mais incrível foi isso, a calma com que nos mantivemos apesar de todos nos olharem e estava cheio o local. Ele, como um gentleman que é, levantou-se e foi em busca de ajuda. Eu mudei de lugar e fui me secando como pude até o garçon trazer uma toalhinha. Ficamos tão tranquilos que tudo se resolveu rapidamente.No fim,qdo ele me deixou no metrô, lascou esta: " Sabe, o bom de ter derramado suco em vc, foi ter a chance de observar bem de perto as suas pernas!"Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, se não fosse amigo mesmo e eu estar ainda apaixonada por outra pessoa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Mas foi uma baita massagem no ego,rsrsrsrsrs!!!

sábado, 26 de abril de 2008


Num desabafo de final de expediente, veio a frase desdita e cruel: TUDO NA VIDA PASSA!

Você já reparou que em quase tudo que transpomos, estas palavras sempre se encaixam com exatidão? É a lógica então. E por que não passaria?

A febre arde, reage...mas passa.

A dor, ela vem, mas passa.

A alegria, contagia mas passa.

A festa esperada, enlouquecida vem...e passa!

A infância acontece, mas passa.

O sinal abre...o carro passa.

A máquina lava, o ferro passa.

A uva seca... e vira passa!

Partindo da premissa incontestável e sem saída, ficamos alí, colega e eu,totalmente concentradas em discernir sobre este fato relevante,mas teimando em buscar alguma coisa em nossas vidas que não passasse.

Mas o que?

Às vezes rimos muito, crises de felicidade latente, a côr desabrocha em nossos rostos e o espelho reflete a vida que nos chega. Noutras, que pode ser o momento seguinte, esculpimos no corpo todo uma dor dilacerante, um verbo calado e irritante que acompanha as lágrimas escorridas. Mas que também passam.

Há momentos em que significativamente nos falta o chão. Acelera-nos o coração, tudo ao tempo igual,recente. Seguidamente,nos tomam os movimentos dançantes e eufóricos e nos aproxima do amor.

Ah! O amor!

É isto então.

Numa surpresa aliviada,projetamos a resposta doravante encontrada: O AMOR!

Este não passa. Resiste ao tempo, às tempestades, às cores, às mudanças e objetivos; encara as forças,recupera falências, dita as suas regras e não estabelece limites. Não tem raça, desconhece fronteiras e ignora personalidades. Amor que desnuda, que nutre e alcança; que dá e esquece, que perdoa e afiança. E que mesmo sozinho, não perde a sua companhia.

Tudo pode mesmo passar...

Mas passando pelo amor, passa e deixa ficar,

na alma o que não pode passar!!!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

SER MULHER



Porque sou uma mulher!
E como um sismo, arrebatei as adormecidas ilusões.
Queime o seu parágrafo, deixe-me entrar,
porque sou uma mulher.
Deite a sua fantasia em baú esquecido,
envergue o roupão da sua solidão,
não se interponha entre a porta e meu sonho...
Porque sou uma mulher.
E se ao se expôr em lentes vazias,
ao nada se vir, ao vasto delirar a sua melancolia,
se afasta depressa e se esconde,
finja soberbo que não me vê...
justifique a sua dislexia,
oculte e reverencie, abre os olhos e respire...
Sinta medo, foge a heresia...
Ou outro dislate qualquer...
Porque fui...não sou mais a sua mulher!!!!!!!!!






Hoje...como em todos os dias,só queria um abraço!!Mas um abraço sincero, daqueles que vc sente o coração da pessoa pulsando e aquela mãozinha dando palmadinhas nas costas!! Queria sentir de verdade que o calor humano existe, que até aquele seu vizinho chato não é mais tão chato assim!Hoje, queria ter encontrado vc no sofá da sala, vendo seu programa de televisão,mas na verdade,cochilando de vez em qdo... Queria que vc se alegrasse com a minha chegada,só porque,finalmente,tomaria seu cafezinho comigo,rsrs!Hoje, a minha solidão bateu forte em cada degrau que subí... e parei no alto da escada pra procurar vc...meus olhos varreram toda a sala e não lhe encontrei!Hoje,tomada de saudade e decepção pelas coisas que não deram certo, corrí para casa com uma única esperança latente no coração: A de lhe ver!!!Mas, diante do vazio e ansiosa por voltar ao passado próximo... esquecí que vc já não mais fazia parte deste mundo...já não figura mais em nosso seio familiar!Mas eu só queria um abraço seu...MÃE!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - PARTE 1


Uma das coisas que me fragilizavam apenas em falar era a violência doméstica, pela sua absurda forma de acontecer, pela sua covardia e de onde,quase sempre saíam,incólumes, os seus agressores.

Gestos que classificávamos como "perda de paciência", olhar impiedoso que acreditávamos ser "desabafo" de rotina, palavras rígidas e incisivas que justificávamos como "maneira de falar". Desdém e maldade que jamais analisávamos como princípio,meio e finalidade de agredir. Pelo simples fato de que a gente se acostuma!

A gente faz vista grossa à tudo em nome da família, dos laços que ( ? ) nos unem e pelos filhos. Transformamo-nos em muro de testes para munição e não nos damos conta de que,à nossa volta, nada pára e nos suporta, senão nós mesmas. Simulamos uma felicidade sinuosa,enquanto o nosso próprio conceito de felicidade vai descendo ralo abaixo,transpondo rios e alcançando o mar infinito e irrefreável. Fechamos as janelas de nossa inteligência e sufocamos a nossa capacidade de desfrutar o mundo exatamente como ele existe: Para todos nós!!

Por muito tempo, levam-nos, e nós tbm, a acreditar em nosso oblíquo comportamento diante dos fatos, da convivência e dos amores, até então, encerrados alí mesmo, em nosso "lar". Quer nos parecer que todos estão insensatos, impiedosos e que nada há de errado em apanhar de vez em qdo, em ouvir grosserias, levar empurrões, ouvir ditaduras e conjeturas irracionais mas absolutamente legíveis em nome de um casamento.

Até bem pouco tempo, naufragava a nossa identidade, dia após dia, no latente e inconfundível desdém de nós mesmas. E quem nos diria sermos capazes de nos conduzir e às nossas vidas sem aquele leme sempre à postos; sem o freio justo e presente pastilhando soberbamente sobre nossos cérebros. Quem, em tamanha impetuosidade e atrevimento sopraria as cortinas de fumaça que durante anos encobriram a nossa triste realidade? Porque a gente se acostuma. E quem acostumado está, cego está, surdo fica e falham os demais sentidos. Tranca-se o espírito antes livre, n'algum calabouço distante e atira-se as chaves num abismo sem fim.

Mas aí, como badalo insistente e poderoso, soam os primeiros acordes do despertar. É fácil? Não, jamais o será. Geralmente vem em forma de tempestade, arrastando tudo que encontra pela frente. É a bofetada mais forte, a humilhação sentida no âmago ainda não atingido até então. É o empurrão que destrava o cadeado enferrujado, a palavra cortante que abre e dilacera a ferida latente. É um filho que se encoraja e se interpõe na tentativa de fazer cessar os atos,verbais ou não. É a porcelana lançada ao chão, o teclado de seu pc, sua única companhia nos últimos meses ( quem de fato lhe ouvia e dava vazão ) fatalmente atirado contra a parede. São seus ouvidos, recebendo insultos inopinados. Está formada, então, toda a sua vasta e inadvertida forma de encarar a violência dentro de casa!!!


CARTA À FILHA PELA PASSAGEM DE SEUS VINTE ANOS EM FEVEREIRO/08

Minha amada primeira princesa

Hoje,exatos vinte anos depois daquela madrugada tumultuada de fevereiro de 1988, venho lhe dizer de todo meu amor. Você, por sua incansável paciência para comigo,sua dedicação e carinho, certamente merecia uma festa incrível. Mas ainda não foi desta vez,filha. Acredite, eu me esforço,mas as coisas não saíram como desejei. Ainda não. Sim, você sabe da minha persistência e garra. Ainda farei a festa, você verá. Logo após aqueles dias de tempestade e muita confusão no ano de 88,você fez sua estréia neste mundo com a maestria de uma verdadeira princesa. Foi insuperável até neste momento. Esperou,pacientemente em minha barriga,aconchegada no ninho que tão bem cuidei pra você, que as águas baixassem. Sem muitos discursos, já q a jornalista aqui é você,rs...Muitas felicidades,filha, muita luz e sabedoria em seu caminho. Muita alegria, continue trilhando seu caminho com a capacidade que só você sabe ter. Tenha sempre consigo o carinho imenso que cultivo em sua alma e de sua irmã. Aliás,esta,com certeza, aprende muito com você. Mas também ensina,diz aí,hehehehe. Peço à Deus que coloque sempre a mão sobre sua cabeça e coração para assim estar por toda vida sob as bênçãos Dele. Torço muito por você daqui do backstage e sigo feliz com todas as suas conquistas e realizações. Vou continuar confiando em suas ações e suas idéias. Estarei lhe auxiliando em tudo quanto puder e você me permitir. Acredito que não está longe o momento de mais uma vitória sua e me adianto...estarei lá junto!!! Muitos beijos desta sua mãe muito diferente das outras e que às vezes lhe confunde,hahahahahaha.Que Deus a abençoe!!!!
Mamys!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Passado não conta, pode ajudar a desvendar o presente oculto e só; passado é passado.Uma teoria bastante atraente é a que diz que o passado é um fardo pesado que a maioria de nós carrega por que quer, porque achamos que assim justificamos um presente mal vivido, conturbado e assim vamos nos arrastando mundo afora. Precisamos de alguém que nos diga a verdade, porém nem sempre a verdade cabe dentro de nós mesmos. Fica, digamos assim, inflada demais!


Não é fácil passar conhecimentos a alguém que só os compreenderá muito mais tarde, porque não se trabalha contra o tempo com perfeição e sem que haja prejuízo de outras áreas de nossas vidas. Por isso, preciso buscar todas as formas de me fazer entender com minha filha sem passar a idéia de alienação, sem me impôr, mas ao mesmo tempo deixar claro algumas questões; se fosse uma tarefa fácil, com certeza o mundo seria perfeito. A adolescência, então, é uma fase melindrosa, capaz de nos fazer chegar ao alge da impaciência e também à emoção. Imagine-se contando à sua filha que você não teve tantos namorados, que foi tímida, devagar mesmo e que gostaria que ela lhe tomasse o exemplo. Ou, pior, imagine-se dizendo à ela que sua lista de namorados foi, digamos assim, uma auto-estrada, que você nem "ficava", "ia" e que gostaria que ela não fosse bem assim. Pois eu sou esse segundo aí. Agora tente imaginar o olhar dela para mim nesse momento.Sei lá, a vida é uma via pública e nem sempre o que parece é... ou foi! Eu posso dizer que aproveitei bem a minha juventude, que, aliás, está ainda bem próxima que fique bem claro. Namorei mesmo, saí muito, dancei todas e nem fui eu o "arroz-de-festa",muito menos a mais bonita da turma; até porque , naquela época a minha auto-estima "ia muito bem obrigada".Saí com minha filha e o papo rolou a respeito. Mas eu creio que há certas coisas que nos chega ao conhecimento aos quinze , porém, só os assimilamos bem mais adiante. Maturidade! Ah, quem é capaz de entender a si mesmo sem ter vivido ainda metade do que tem para viver? E quem é imune à metamorfose que se nasceu para ser? Ninguém. Então, eu me entrego a devaneios sobre a minha adolescência e fico tentando identificar algo parecido na de minha filha. Nada é mesmo igual, não tem jeito; há que se achar vestígios, ainda que longe, mas a certeza é que,cada um vive a seu modo, não importando a origem, cada fase de sua vida, cada virada, cada caminho, sem contudo perder a imagem, ficando apenas com a semelhança!

terça-feira, 22 de abril de 2008


Em todas as águas que atravessei, deixei algo de mim!!
Um tanto de canto e de poesia, de mágoa e exatidão.
Preconceito lançado, dor apagada, momento fantasia.
Mas de todas as águas que atravessei, talvez seja esta,
que agora transponho,
a que mais me chega tardia!!!!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

QUEIMANDO PIMENTA

... Aí iniciamos, quase que heroicamente, todo o processo de "desconstrução". Passamos a fazer "vista grossa" pra tudo aquilo que mais admirávamos nele. Não, ele NÃO é charmoso e beleza não compõe a lista ( existia? ) de suas qualidades. Mas QUE qualidades? Ele sempre foi muito pouco atraente. Cruzes, o que era aquele queixo? Barba sempre por fazer e quando vinha pronta, merecia ser garoto-propaganda do "bandaid"!.
NÃO, ele não é inteligente. E deixou claro isso ao mudar de namorada. NÃO, ele não faz a melhor macarronada do bairro. Ele sempre pensou que fazia e vc o deixou acreditar. O que é um pouco de caridade,né não?
Mas vamos combinar, isso tudo até vc o vir com a "outra".
Dá pra descrever o brilho disforme, totalmente embaçado do seu olhar? Mesmo a mais insignificante lente fotográfica registraria facilmente aquele rubor instantâneo de sua face.
Pode até não ser uma loira estonteante ou morena à La Juliana Paes, mas É a outra; pode não ter o melhor penteado, mas É a outra; não exibe os dotes intelectuais e literários da Martha Medeiros,( os seus sempre se destacaram dos dele-risos.) mas É a outra.
E se por acaso tiver todas ou parte das qualidades acima citadas...bom, aí, é hora de contra-atacar. Risos.
Vc, mais inteligente, esperta, preparada, inigualável, corpo sarado,cabelo bem cuidado, preparada pra transformação. Claro, a essência pode e deve ser preservada, afinal, foi baseado nela que ele se aproximou,né.
Vá permitindo a fluência daquela sensualidade que lhe é peculiar, afinal, são seus os quatro planetas, não se limite nesta hora. Tome sol, encurte a saia pra parecer mais jovial e libere o decote, seus seios são divinos!!!
Está na hora de aceitar o convite daquele gato internauta que vc tanto recusou. Tire o garoto da prateleira finalmente, amacie-lhe o ego e pare de dar "trampo" no coitado. Combine os horários ( jure até a morte que foi coincidência ) e passe de mãos dadas diante do ex e sua nova "maquete de bolso".
É...seu acompanhante pode não ser o Brad Pitt, mas É UM GATO.
Pode não ter o carro do ano, mas É UM GATO.
Pode não ter o bíceps do Rambo, mas É UM GATO.
Vc pode até ter que pagar a conta, mas É UM GATO.
E pode, talvez, ser a única vez que vcs vão sair juntos e "ele", o ex, os verá.
Mas isso é detalhe, as "outras" vezes vc deixa na conta da imaginação fértil deste lobo sem graça e prepotente, pois certamente ela ( a imaginação ) o atormentará com as inúmeras e maravilhosas outras vezes!!!!!
NUM LUAR QUALQUER DE ABRIL...
De alguma janela bem intencionada, acionei o farol da lembrança, qual água a matar-me a sede em dias de verão outrora !
De onde saíram aqueles olhos de mel e de saudade que espelham um coração de pedra polida, centrada, escorregadia e melancólico?
Quisera partir neste barco à vela, sem sentido, sem nenhum risco no mapa e pra não mais aportar...
Triste luar!
Vazio de estrelas.
Soma tênue de amor consumido e ódio assumido.
Sombra de página virada, platéia calada,
cristais partidos ao chão!!!









Nada possa ser resgatado...
Ao tempo que tudo consome!!!