sexta-feira, 9 de maio de 2008

UM DIA DE CADA VEZ.



Só nos damos conta das coisas simples em determinados momentos ou fases de nossa vida. Descobrí que sou tão vulnerável quanto papel na chuva, mas que também me transformo feito ele depois de um mergulho nas profundezas pluviais. Foi por um dia feito hoje, que refiz um caminho já há muito ignorado e empoeirado na memória...


Comemoração do "dia das mães" no colégio de minha filha caçula e jamais, sob nenhum pretexto faltaria. Assim sempre foi e sempre será. Conheço , mas não aprovei em tempo algum, a forma como o fazem, a maneira de conduzirem a data,mas enfim, sou uma andorinha em vôo solo e cinzento. Até já ousei comentário e sugestão,sem efeito. No entanto, este ano, foi grata a surpresa.


Por questão financeira ou sentimental, o que não vem ao caso, optaram por uma coisa bem simples, uma idéia remota mas extremamente feliz e saudável para todos. As crianças confeccionaram, adaptaram o presente para as mamães. Não poderiam ter tido escolha melhor! Havia mesa com bolo e docinhos,tipicamente de uma festa e as crianças prepararam pequenas encenações, corais ou recitaram poesias. Tudo bem simples,mas de bom gosto e tocante mesmo. Chorei desde a primeira apresentação. Minha filha é uma escritora por natureza e é dela todo texto,toda peça,todo ensaio solicitado pela escola. Este ano não foi diferente. E lá estava eu, no aglomerado de gente; mães,pais,avós,tias,uma multidão ávida em tirar fotos,atender celulares, trocar gracejos e buscando o melhor ângulo para serem notadas.


O que me chamou atenção foi ter podido,pela primeira vez,observar as pessoas que alí se encontravam sob novo contexto e direção. Impressiona que tanta importância se dê ao tão famigerado 'ter" enquanto as crianças que alí estavam nada mais precisavam do que o par de olhos da mãe, reluzente e feliz em vê-los ansiosos e orgulhosos em mostrar o motivo de tantos ensaios, tanto preparo muita dedicação! Ao invés disso, clamavam seus carros novos, temiam amassar a roupa e atendiam em profusão seus celulares de última geração. Sustentavam suas poderosas máquinas digitais como quem sustenta o troféu de grande prêmio vencido. Comparavam-se umas as outras feito ourives analisando pedras preciosas. E tudo afinal fez sentido para mim. De um lado, a simplicidade das crianças, de outro a ostentação e poder. E no meio, a inigualável oportunidade de ensinamento e aprendizado!


O grande e verdadeiro prêmio quem levou fui eu. Sentada à frente das crianças da turma de minha filha que se preparavam para iniciar a apresentação deles, já começava a derramar minhas lagriminhas quando a professora tomou o microfone e mandou: "A nossa escritora, autora do texto que agora apresentamos, está por demais nervosa para apresentá-lo. É dela o direito à isto e para acalmá-la e tudo correr bem, solicito a presença de sua mãe a seu lado neste momento".


Ferrou!!!


A única mãe, naquela multidão toda, que ficaria em destaque absoluto e ao lado da filha num momento como este. As pernas tremeram, mas a última coisa que faria era retroceder. De jeito nenhum. E fui pra lá, feito destaque em desfile ( rsrs ), abraçar minha filha e receber aplausos enquanto ela iniciava a leitura. Ao final, nosso abraço emocionante e molhado de lágrimas, enquanto aplaudiam mais e mais. Quem gostou ficou de pé, quem não gostou tbm,rs...


Na apresentação de uma turma vizinha à dela, um pequeno teatro, onde um menino representando Deus dizia à uma criança que reencarnaria: " O Anjo que te acompanhará por toda existência, chamarás de MÃE!!!"


E viva a minha peneira!!!!

2 comentários:

"The Mirror's face" disse...

bonito texto e bonita sua apreensão oculta dos significados da singeleza que acredito(apesar de não ser mãe)deve acalentar indelevelmente um coração sensivel como o seu.desculpe a bisbilhotice,mas domingo é meu dia de bisbilhotar blogs alheios..rsrsrssr.bjs e parabens por SER UMA MÃE!!!

Cris Organizer disse...

Obrigada por seu comentário. Sou "bebê" por aqui e pouco sei fazer,rs.
Valeu a visita, volte sempre!
Bjus.