Ao longo destes meus vinte e um anos de Rio de Janeiro, nem tudo foi normal, nem todos que vieram ficaram, algumas pessoas passaram simplesmente, outras se arrastam ainda em minha sombra. Porém, algumas delas marcaram espaço e evocam, vez em quando, as minhas lembranças. E o mais interessante é que pessoas e momentos me parecem repetir o passado em dias presentes. Mas isso depois explico...
Éramos três: Denise ( com "i" e "s" ), Sandra e eu.
Denise era a mais engraçada, falava palavrão como quem bebe água, tinha uma experiência de vida das mais tumultuadas, por vezes triste, mas jamais normal. Cheguei a acreditar que ela nem sabia o significado de metade das palavras que dizia. Elogiava mulheres elegantes sem,contudo, conseguir ser uma delas. Se esforçava uma ou outra vez,mas não conseguia. O que lhe faltava era assumir que seu estilo era outro, sua personalidade não condizia com o que admirava,mas era muito boa companhia para quem quisesse rir muito!!!
Sandra, casada pela segunda vez, tinha uma filha do primeiro marido e um casal do segundo. Detestava acordar cedo, vivia atrasada, dirigia muito bem e não ligava pra vida doméstica. Seu "lance" era fumar, sair muito e beber umas cervejinhas. Ela era o que eu defino "boa vida". Não era rica, mas não se importava muito com coisas do dinheiro,queria diversão. Foi apresentada à Denise por mim.
E eu, considerada por elas como "a certinha", a politicamente correta. Casa sempre impecável, a filha ( na ocasião só tinha uma ) linda,bem cuidada, marido fiel ( ? ), estas coisas "normais". Toda tarde vinham à minha casa,depois de colocar os filhos na escola, feito eu, pra tomarmos café e conversar. Não posso negar que ria muito, sentia prazer na companhia delas, mas quase nunca saíamos juntas. Pelo machismo e egoísmo do marido, eu não poderia sair com elas, seria considerada traidora e vagabunda. É... quando não se escolhe bem o companheiro, dá nisso. Não saía nem com ele, sempre havia uma desculpa. Mas isso é assunto pra outro capítulo,rs!
A casa da Denise era nosso "point" de verão e comemorações. Ah!!! Festas memoráveis tivemos alí. Lembro de um reveillon com as amigas juntas, as famílias, as crianças e o banho de piscina à meia noite. A casa dela ainda está lá, enorme, mas exigindo cuidados urgentes que nem ela nem o marido,( ops, agora é ex ) se dispõem a dar. Uma pena! Sandra não fala mais com Denise, muita coisa aconteceu que nem sei mais. Mudei-me pra um bairro totalmente contra-mão para ambas as duas, que ainda moram na mesma rua. Denise se separou, mas ainda vive na mesma casa com o ex por não ter emprego nem como se sustentar sozinha. Os meninos cresceram, cada um com um destino diferente,mas não gostam de estudar. Sandra já é avó. A primeira filha casou e lhe deu um neto, que ela cuida, pasmem, acordando cedinho para isso! O outro casal de filhos cresceu tbm, o rapaz trabalha,não gosta de estudar e a mocinha é estudiosa,ficou linda e namoradeira que só.
E eu, minha filha mais velha já é quase uma jornalista, muito inteligente. Tenho a Lulu, esperta, linda, artista nata e mau humorada!!! A casa é cuidada,mas não tanto quanto antes. Também me separei e ainda vivo com o ex, mas a minha história é outra, bem diferente da minha amiga Denise. Espero em Deus poder sair daqui ainda este ano. É isso.
Mas a saudade daquele tempo fica sem saber pra onde ir, já que agora trabalho, não as vejo mais com frequência e continuo na contra-mão! Recentemente estive na casa da Denise e ela ainda falava com a Sandra. Brigaram logo depois,nem sei o motivo. Mas isso não importa, para mim ainda somos três amigas, mesmo que na memória desta aprendiz de escritora e sempre sonhadora!!!
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