domingo, 15 de fevereiro de 2009

AQUILO QUE SE OUVE, O MUITO QUE SE QUER.

Fico pensando o que leva uma mãe a afirmar que a filha ganhará de presente, aos quinze anos, duas cirurgias plásticas.
Parece inconcebível? Mas foi isso que ouví esta semana.
E não se trata de nenhuma deformidade,cicatriz ou correção congênita. É estética mesmo.
O universo que me perdoe, Vinícius também, mas beleza não é fundamental para caminharmos pela terra, para sermos decentes, humanizados, verdadeiramente felizes em nossa essência. Beleza comprada então, traz instinto inferiorizado.
Olhei para o céu,busquei uma nuvem somente de compaixão por aquela criatura, por seus conceitos atrazados de auto-aceitação e que por conseguinte,os havia repassado insistentemente para a filha em tenra idade ainda.
Eu queria entender por que. Até compreenderia se fosse algo de fato gritante ou que aliasse grave impedimento à saúde física. O grave alí era a maneira como se tratava a situação e preferí não me contrapor de modo a evitar transtornos em nossa amizade.
Depois que minha filha passou por aquela cirurgia,todo aquele sofrimento, pensar em qualqueer procedimento cirúrgico está fora de cogitação. Passei a encontrar em minha filha muito mais que uma beleza, busquei por ela e para ela toda a natureza infinitamente bela que existe em uma criança e resolví tratá-la para sempre como uma borboleta que tem em suas asas o colorido pessoal, admirável pela peculiaridade que lhe garante o voo. A liberdade e alegria de colorir os jardins por onde passa e que deles compartilha a responsabilidade quase estéril de deixar o mundo mais colorido! O espelho não mostra mais as imperfeições e estas,quando aparecem,são tratadas de forma natural, pertencentes ao lado menos notável da vida.
É claro que queremos ser perfeitos, a toda hora isto nos é imposto,seja pelos diversos canais que nos cercam,seja pelas pessoas que nos apontam. Mas um corpo perfeito é,antes de tudo,um corpo saudável. Quem vai dizer se é necessário ou não uma intervenção, é a dor. Se ela não existe, se a saúde se sobrepõe, se o inconsciente repousa tranquilo e o ego é suficiente pra brilhar nos diversos setores da vida, sorria para si mesma então,de-se a tranquilidade daqueles que carregam as bênçãos da aceitação. Sucumbir às tentações da vaidade e querer se superar nas medidas supremas da perfeição é bobagem. Nada além de você e sua capacidade merece tanto apreço e perda de tempo.
Não falaria nada sobre estética para minhas filhas, por si só,já são bonitas,capazes, inteligentes. O que decidirem na idade adulta resumir-se-á ao universo particular delas mesmas. Nada a declarar contra o que são agora, nem impôr aos ouvidos alheios qualquer dúvida sobre qualquer parte de seus corpos.
Aquele que está em paz consigo,carrega dentro de si a forma e beleza com a qual deseja que o vejam. Está,portanto, a caminho da sublimação e conforto das estrelas!!!

Á propósito, hoje, uma linda jovem completa vinte e tres anos. Muitas felicidades para Ana Carolina, uma bela borboleta que carrega nas costas tres outras igualmente belas borboletas!!!

Isso me lembra aquela música "you're beautiful... ( it's true! )".

Beijos, leiam-me!!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O TEMPO QUE VAI E QUE VEM...OU NÃO!

Há um tempo pra reflexão do nosso cotidiano e há o tempo que não regenera,não exonera nem desmistifica as diferenças. Vejo isso agora,enquanto observo minha filha caçula com ares de expectador enfadonho por estar repassando o mesmo filme. E é mesmo engraçado,não fosse a generosidade da natureza em tê-la feito tão diferente da irmã embora a matéria-prima fosse a mesma.

Minhas filhas me fazem vivenciar duas realidades distintas,porém, o abismo que as separa na etapa de tempo, por vezes se confunde na planície das situações. A mais velha está se formando jornalista, árduo caminho até aqui mas já colhe bons frutos da persistência e comprometimento; a caçula começa este ano nova etapa,exatamente a mesma em que se encontrava a irmã quando ela nasceu. Oportuno? Talvez. O colégio é o mesmo, a ocasião,diferente. E observando a caçula dormir após almoçar me fez rever a mesma cena de dez anos antes. Isso me faz deduzir que não há tempo que modifique certas coisas ou atitudes. Depende somente de nós.

Ouço a pequena narrar o dia na escola, nomeia matérias,lista professores, cerca a perfeição! E tudo é como antes, alguns professores são os mesmos, o primeiro dia de aula é apenas pra integrar, as colegas são ciumentas,algumas desdenham, etc,etc,etc. Vejo-me há dez anos atrás,ouvindo frases firmes e aos poucos desconexas diante do sono eminente. Meus olhos marejam, lembro de dias distantes, se melhores ou piores não importa mais. É como um armário que se abre e vai surgindo aos poucos o que alí está guardado. Uma expedição ao vale das lembranças, da poeira e da chuva. Mas convém fechar a porta lentamente, sem bater, deixando guardados os melhores momentos daqueles anos, os sorrisos de minha primeira princesa e a expectativa pela chegada da segunda.

O tempo é a minha visão e textura. Trabalho-o na condição de mutante experiente, ele se adapta a mim, eu clareio e escureço a meu melhor entender. Se chove, abro a janela, sem medo de chorar! São doces as recordações de agora e enquanto ela dorme, tento rememorar o que vinha depois, busco nas lembranças a alegria matinal na hora do recreio. Fecho o armário,mas convém abrir as janelas do coração, não se adivinha a emoção nem se poda a flor do recomeço!

Beijos doces.