sábado, 1 de novembro de 2008

HSE - E800 - L9 -Capítulo 3

Logo no primeiro dia, curiosa e me sentindo a última bolacha do pacote, fui aos poucos me ajeitando em conversas aqui e acolá, andava pelo pequeno espaço do lado de fora das enfermarias e tomava ciência de alguns fatos e procedimentos dalí. A pequena Mariane seria operada de um problema na garganta que não compreendí bem a causa. Já havia passado pela primeira cirurgia, mas algo voltara a acontecer e lá estava ela, pronta para a segunda tentativa. Eu e a mãe dela conversamos alguns momentos. Vera, mãe de Júlia chegou ao anoitecer e já encontrou a filha com os procedimentos pré-cirúrgicos em andamento. A menina sofrera lavagem intestinal e sondagem estomacal. Tudo para "limpar" totalmente o intestino que,segundo o Dr. Samuel ( o "Samuca", segundo Lulu ), era absolutamente necessário.
Luísa estremeceu ao saber que passaria pelo mesmo e começou a armar uma rejeição seguida de choro constante e medo,obviamente. Todos nós sentimos medo diante do desconhecido e este aumenta qdo o assistimos em outrem. Eu sabia que ela daria trabalho,antevia o problema e tentava não passar-lhe isto, tranquilizava-a dizendo que "cada caso era diferente"; a resposta dela vinha em forma de mais choro e impaciência. Ver a outra menina,de idade igual, passar por tudo aquilo, trouxe pra Luísa a sensação de que não deveria estar alí. Então, repetia baixinho e em lágrimas para mim: "Mãe, me "desinterna",por favor, chame o papai e vamos embora daqui, eu fiz a "cirurgia espiritual",estou bem,não preciso operar agora aqui,neste hospital, você disse que eu ficaria bem." É, eu disse de fato e ela estava bem. O que eu não sabia era como explicar-lhe que a "cirurgia espiritual" havia retirado dela a possível CAUSA do problema; o EFEITO prosseguia e fazia-se míster a sua retirada. Com toda certeza, nada retornaria, mas ainda restava o que ser feito e tinha de ser alí. Muitas horas eu me confundia em pensamentos e quanto mais pensava,mais ardia em dúvidas e propostas. E se? Era o que mais me vinha à mente. Foram vários "e se?". Não podia transparecer para Luísa,então começamos a brincar, desenhar, fazer-de-conta.
Júlia foi operada na sexta-feira, dia três. Ela tinha um tumor no intestino já até visível à olho nu, que coisa. Antes dela seguir para o centro cirúrgico, reuní as meninas e mães numa oração poderosa; demos as mãos e eu proferí a oração. Foi de arrepiar!!! Mariane foi em seguida.
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