domingo, 2 de novembro de 2008

HSE - E800 - L9 - Capítulo 5

No sábado à noite minha filha começava a ser preparada para a cirurgia. Eu sabia, tinha problemas. O que deveria ter sido feito às vinte horas, demorou uma hora e quinze para ter início; ela relutou, não permitia e usar de força naquele momento era algo simplesmente desumano. Tentei de toda forma convencê-la, até rí em dado instante,pois a maneira dela se expressar ficou cômica a partir dalí. A enfermeira argumentava,tinha ordens a cumprir e um horário pré-determinado. Tudo era cronometrado, mas Luísa destruía toda e qualquer hierarquia naquela noite. E avisava, não estava disposta a colaborar. Isso foi cansativo.
Acabei impondo minha presença e voz ativa; eu e mais duas enfermeiras a seguramos, embora sem força suficiente para machucá-la e acabou cedendo. Foi de fato estressante. E era só o começo.
Quando Vera subia para o descanso, algumas vezes conversávamos por meia horinha e ela falava de uma menina que estava no CETIPE ao lado da filha dela. Tratava-se de Carolina, ou Carol, uma menina de treze anos que lutava contra a leucemia e precisava vencer os obstáculos que se interpunham próximo à data de um transplante. Vera contava seus diálogos com os pais da menina que "moravam" lá num daqueles quarto-boxes, enquanto a filha permanecia ligada à máquinas no interior do CETIPE.
Mariane, a garotinha da enfermaria que estávamos, teve alta sábado de tarde e se foi alegre para casa. A mãe torcia para não precisar voltar mais. E nós, as que ficamos, concordávamos com ela.
No domingo pela manhã, Luísa já não se alimentava mais, estava no soro, sondada e triste.
***************************************

Nenhum comentário: