Não tenho o emprego dos meus sonhos, mas não posso me queixar. Na idade indescritível e sem ter terminado a faculdade, conseguir emprego e ganhar alguma coisa com ele é um feito digno de medalha. Ok, pode ser de prata, está valendo. O caminho até lá seria longo não fosse a linha amarela e meu sagrado ônibus de todo dia. Fico até feliz pois é rota de praia, a paisagem é linda, o clima mais ameno e consigo ir sentada até chegar a meu destino, coisa rara!! Ontem fez muito calor e quando isto acontece às vésperas da primavera o carioca não pede explicação, foge pra praia. Ja da pra ter uma idéia de como vai o meu querido busão...
Entro, me acomodo em um lugar no corredor mesmo (povo adora uma janelinha), ajeito a bolsa, a pasta de papéis e aprecio a avenida fria e sem atrativos no subúrbio. As rodas deslizam pista afora e conforme vai parando, o ônibus acolhe figuras cada vez mais bizarras, os desesperados por mar,sol e areia. Uma pequena inveja brota,mas é logo afastada, gosto de ser branquinha e não me atrevo a torrar nas areias escaldantes e na salmoura. Então as pessoas vão entrando e se ajeitando, fico observando. Logo se acotovelam e alguns veem parar ao meu lado, de pé. Uau!!!!! Um surfista sarado e sem camisa!! Mas espere aí, a prancha também? Não dava pra ter deixado lá na entrada? Aí começou meu desespero. O "instrumento de trabalho" daquele fortão recém debutante impedia-me de mexer o braço,pois estava "colada" a este. Do lado do bonitão, uma mulata de pouca idade e muita abundância se ajeitava, contorcia a cada passagem de alguém por aquele espaço. Me ofereci pra segurar sua bolsa(enorme) e a oportunista aproveitou e me atirou mais algumas tralhas. Uma senhora resmungava sei lá o que e me pediu que segurasse sua pequena caixa de isopor. Pronto. O andaime em meu colo estava montado. Não via nada a minha frente, não mexia o braço e ainda tinha que ouvir as piadas sem graça dos rapazes em relação a abundância da mulatinha. De repente, senti algo se afrouxar no meu pé e me dei conta de que alguma coisa estava errada. E estava. Uma das tiras da minha sandália havia se soltado. Justo naquele momento?
Não tinha mais nada em que pensar. Rapidamente, me enturmei com a galera da praia, fomos rindo, conversando, dei opiniões e trocamos telefones. Próximo de descer, tirei as sandálias e mandei " em homenagem a vocês, desço descalça, me esperem que logo estarei lá na areia"! Descí às gargalhadas, parecia louca,mas foi a saída que encontrei. A cena foi a pior possível. De saia, blusa branca,toda arrumadinha,perfumada e descalça. O povo lá do busão acenando,mandando beijos e a rapaziada com as mãos no coração num gesto de "amor". Lindo,né? Entrei na farmácia( que graças a Deus vendiam havaianas), comprei uma e fui trabalhar assim, "fashion",como diria minha filha. Na boa, há dias em que se não nos adaptarmos e montarmos o cavalo alado do bom humor, vai tudo pro buraco negro,seremos sugados pelo horror e teremos um dia a menos pra viver. Fiz o meu melhor, deu certo e me rendeu esta crônica. No fim, nada se subtraiu, multiplicou-se.
Ah, e a turma da praia telefonou hoje,hehehehehe. Será??
Beijos,
Dona Cris.
Entro, me acomodo em um lugar no corredor mesmo (povo adora uma janelinha), ajeito a bolsa, a pasta de papéis e aprecio a avenida fria e sem atrativos no subúrbio. As rodas deslizam pista afora e conforme vai parando, o ônibus acolhe figuras cada vez mais bizarras, os desesperados por mar,sol e areia. Uma pequena inveja brota,mas é logo afastada, gosto de ser branquinha e não me atrevo a torrar nas areias escaldantes e na salmoura. Então as pessoas vão entrando e se ajeitando, fico observando. Logo se acotovelam e alguns veem parar ao meu lado, de pé. Uau!!!!! Um surfista sarado e sem camisa!! Mas espere aí, a prancha também? Não dava pra ter deixado lá na entrada? Aí começou meu desespero. O "instrumento de trabalho" daquele fortão recém debutante impedia-me de mexer o braço,pois estava "colada" a este. Do lado do bonitão, uma mulata de pouca idade e muita abundância se ajeitava, contorcia a cada passagem de alguém por aquele espaço. Me ofereci pra segurar sua bolsa(enorme) e a oportunista aproveitou e me atirou mais algumas tralhas. Uma senhora resmungava sei lá o que e me pediu que segurasse sua pequena caixa de isopor. Pronto. O andaime em meu colo estava montado. Não via nada a minha frente, não mexia o braço e ainda tinha que ouvir as piadas sem graça dos rapazes em relação a abundância da mulatinha. De repente, senti algo se afrouxar no meu pé e me dei conta de que alguma coisa estava errada. E estava. Uma das tiras da minha sandália havia se soltado. Justo naquele momento?
Não tinha mais nada em que pensar. Rapidamente, me enturmei com a galera da praia, fomos rindo, conversando, dei opiniões e trocamos telefones. Próximo de descer, tirei as sandálias e mandei " em homenagem a vocês, desço descalça, me esperem que logo estarei lá na areia"! Descí às gargalhadas, parecia louca,mas foi a saída que encontrei. A cena foi a pior possível. De saia, blusa branca,toda arrumadinha,perfumada e descalça. O povo lá do busão acenando,mandando beijos e a rapaziada com as mãos no coração num gesto de "amor". Lindo,né? Entrei na farmácia( que graças a Deus vendiam havaianas), comprei uma e fui trabalhar assim, "fashion",como diria minha filha. Na boa, há dias em que se não nos adaptarmos e montarmos o cavalo alado do bom humor, vai tudo pro buraco negro,seremos sugados pelo horror e teremos um dia a menos pra viver. Fiz o meu melhor, deu certo e me rendeu esta crônica. No fim, nada se subtraiu, multiplicou-se.
Ah, e a turma da praia telefonou hoje,hehehehehe. Será??
Beijos,
Dona Cris.
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