terça-feira, 25 de agosto de 2009

A BAILARINA DAS LETRAS

Não tenho grandes pretensões. O pico da montanha não me parece o lugar ideal para se viver . Ainda assim é para lá que me pedem pra ir. Conhecí uma garota, uma bailarina, perfeita em seus movimentos mas que se recusava a viajar, morar em outro país pra se dedicar mais a dança, tornar-se uma grande bailarina. Dizia que tudo de que ela precisava tinha por aqui e nenhum espaço seria melhor do que a própria vida. Tentavam, em vão, lhe convencer de que somente estudando em outros lugares distantes e especializados conseguiria chegar ao ápice da perfeição e estar entre as grandes bailarinas de seu tempo. Isto não a encorajava pois tudo que queria era dançar. Apenas isto. Não queria ser perfeita, nem a primeira, tampouco a grande e favorita. Dançar. E só. Não poderia perder tempo buscando o olimpo enquanto suas pernas buscavam somente o bailar ao ritmo da música e a levar aos palcos para interpretar sua vida. Dançar. E só.
Pensei em mim. Na "bailarina" que eu sou enquanto escrevo. Não quero frequentar nenhuma universidade, nenhum curso extensivo para fazer o que meu coração e alma pedem. Escrever. E só.
Não quero doutorado, nenhum reconhecimento acadêmico ou fardão na minha velhice. Quero tão somente deitar palavras numa folha em branco, fazer bailar as minhas idéias, valsar com este dom que Deus me deu. Quero sentir a brisa que se desprende de cada frase, o sorriso e a lágrima que enfeitam meu rosto a cada parágrafo e a respiração ofegante por cada ponto final que se aproxima. A síntaxe de idéias fantasiosas e relatos maduros ou pueris. Quero o brilho em meu olhar ao repassar o texto pronto e versado, a reticência no conto além da realidade, a combinação dos passos de um poema!
Não, não quero o benemérito de meus escritos. Ouso meu voo solitário, mesclado às letras que compoem as minhas asas.
Quero escrever. E só.

Beijo com carinho,
Cris.

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