sábado, 26 de dezembro de 2009

MUDANÇAS II

Termina a festa de natal, outra se prepara.
Não cheguei a pensar nas mudanças e lá veem outras. Estou mal.
O mundo conspira e já percebo outra onda que me levará contra o rochedo. Mais mudanças. Imensas!
Uma hora eles alçam voos solitários,buscarão novas aventuras e novas perspectivas de vida. Falo dos filhos, das nossas emoções, daquelas perninhas frágeis que um dia ensinamos a caminhar,daqueles bracinhos pequenos que nos apertavam pra não cair. Filhos! A mais nova desperta olhares maliciosos, a mais velha prepara as malas. Que malas? Tenho a sensação de que sempre estiveram prontas,desde que nasceu. Fui colocando nelas tudo o que imaginava ser útil quando partisse. Não sei se lembrei de tudo, minha mãe tentou,quase acertou mas tive que improvisar e guiar-me pelo coração muitas vezes. É uma matemática generosa,de conceito pueril,mas guarda a somatória de um aprendizado diário e competente. Vou sentir saudade. Vou chorar muito. Vou me arrepender de coisas que não fiz e me orgulhar sempre de muito que eu conseguí fazer! É como treinar exaustivamente pra um campeonato, vencê-lo e saber que não seremos nós a levar o prêmio final. Tão somente vencer pra que outro tenha uma vida melhor,segura e confiante. É agraciar o mundo com lances geniais e presenteá-lo com um ser humano de verdade que investirá sempre no melhor para todos. Eu sabia que este momento chegaria e até torcia por ele, no entanto, acalentava a doce ilusão de não ver a distância entre nós. Estou de fato bastante orgulhosa, mas a sensação que chega é a de "perda". Quando nascem quer nos parecer que nos pertencem,guardamos em nossos braços na real intenção de dizer ao mundo que são nossos. Mas não são, eu sabia! Nada a cobrar,nenhuma discordância. Só a saudade que eu vou ter que juntar e torcer eternamente pelas vitórias que ela colecionará.
Alguém lhe disse que "os barcos ficam lindos e seguros sempre no porto, mas não foram feitos para isso". Então que naveguem! Mas quem falou, esqueceu de dizer também que é preciso voltar de vez em quando e que o tempo leva consigo os portos mais velhos. Portanto, revê-los antes que não mais existam faz parte desta navegação e constitui até um ato de bondade e generosidade!!
Seja feliz,minha doce menina, adorável criatura que Deus me confiou! Fiz o meu melhor, espero que tenha sido suficiente. Muitos beijos!

Cris "mamis".

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

MUDANÇAS

Mudanças são necessárias(?).
Eu não "trabalho" bem as mudanças. Não houve terapia que desse jeito. Dizem que estamos em constante mudança,até as pedras mudam; mas e aquela história de "nada muda,tudo se transforma"? Então acho que sou pedra. Sou muda.Sou surda. Sou assim, já vim transformada. Entre uma estação e outra,ia pensando numa forma de me sair bem com a mudança de colégio de minha filha. Perguntei-lhe várias vezes se ela queria isso mesmo e coisa e tal. Exasperada,a menina disse estar achando que era eu quem tinha dúvidas. Esperta, muito sagaz! Nisso que dá desenvolver a inteligência dos pequenos. E era eu mesma, negar o que, a evidência?
Argumentos eu tinha, mas os da outra filha e das notas da pequena eram bem maiores. Elas venceriam fácil mais este campeonato. E tinham razão, com o futuro não se brinca,não se vacila. Era agora e não poderia ser adiado. Mas é uma mudança. Das grandes. Bairro, amigos, caminho, preço, uniformes, horários. Fui ao antigo apenas pra acelerar os papéis necessários e me dei conta do tamanho da encrenca que me aguardava. Muitas mães vieram falar comigo, teve aquele burburinho natural,sabe como é, perguntas,respostas, desdéns. E eu alí, olhinhos marejados, coração apertado. O espaço era fantástico, tudo sempre bem organizado, "temperado", tanta gente conhecida, foi dando um nó na garganta. Ia sentir saudade. A primogênita formou-se ali, tudo era muito familiar. E agora, a pequena precisa mudar, outra escola mais ativa,média maior,um preparo pra universidade. Mas o espaço era menor. "Isso não é tudo o que conta", argumentavam. Como se o meu coração soubesse a diferença. Eu sabia que não. Se pudesse escolher, ficaria tudo na mesma. Não posso ser intansigente, minha filha merece algo mais. Então estou a caminho do outro, do novo, das possibilidades. Não é assim que tem de ser? Pois então.

Beijus (espera aí que caiu um cisco no meu olho. Nos dois.)
Dona Cris.