quinta-feira, 16 de julho de 2009

CRISE DE MULHERZINHA

Só pra deixar claro: Não sou contra a mulher que trabalhe fora de casa, nem a que se dedique ao lar somente. Enfim, em ambos me incluo e não deixo dúvidas quanto aos problemas que existem entre um e outro caso. O fato é que venho mudando de fase muito rapidamente nos últimos tres anos e sinto na pele o que cada uma delas representa. Depois de casada não trabalhei mais. Fora. Porque dentro jamais parei. E constatei o quanto os homens são egoístas quando meu ex-marido perguntou outro dia (quase que recebendo um jarro de água de volta) "por que você não trabalha em casa? Sai deste emprego?" Só podia ser um descuido de amor pela própria vida, senão,vejamos. E o que eu fiz durante os vinte e dois anos em casa? Não era trabalho, lógico, foi e sempre será escravidão. Absoluta. O problema surge quando não temos zeros pra direita suficientes no contra-cheque, a fim de pagarmos uma ajudante. E acumulamos tarefas. E somos sobrecarregadas. E sofremos. O que me fez questionar foi a percepção de que não havia mais tempo pra me cuidar, pra me divertir. O que sobra é desumanamente aplicado nas tarefas domésticas, no cuidado com os cachorros e lazer com as filhas. Lazer? Pra elas, pois não encontro um modo de fazermos algo agradável a ambas. Eu sobro sempre. Somos tres cabeças diferentes, gostos diferentes e um só tempo. "No zerinho ou um" me dou mal e nem chorar adianta. E ainda fico doente bem no dia em que a escolha é minha. Lei de Murph? Eu passei a me perguntar por que encontro sempre seis copos pra lavar quando havia apenas tres para uso geral em cima da pia; por que motivo eu sempre chego primeiro e estabelecemos que "quem chega primeiro lava a louça do dia"; por que todos estão irremediavelmente atrasados e eu não; e finalmente por que eu sou a única que não "curto" o resfriado sobre uma cama quentinha e tenho sopa a minha disposição. Lembro que antes de trabalhar "fora" eu não adoecia com frequencia e meu estresse estava sob controle. Me deu muita saudade deste tempo e apesar de gostar muito do dinheirinho que entra todo mes, no fundo tenho que admitir que era mais feliz sem precisar dele. É a necessidade. A mesma que agora me faz procurar outro emprego e ganhar mais um pouco pra "bancar" uma ajudante. Quando falo isto, um amigo muito querido me lembra que "somos neo-pobres e ajudante para esta nova classe social é algo quase impossível". Mas existe o "quase",. Sonhar não custa e se custar eu finacio! Deusolivre parar de sonhar!! Onde eu guardaria aquele carro bacana de quatro portas, aquela viagenzinha pra europa ou até mesmo aquela ajudantezinha fiel e eficiente? Em meus sonhos,claro. E aquele salário de muitos zeros pra direita? E aquele namorado assim...um tanto quanto...Ah,tudo bem, sonhei alto! E fiquei repensando a tal emancipação da mulher. O que lucramos afinal? Direitos iguais? Silicones? Ter que dividir a conta? Feminismos a parte, sinto falta dos tempos de cavalheirismos e poesia. Porque ninguém me convence que existe poesia em trabalhar o dia todo fora e ainda continuar assim quando entramos em casa; não vejo graça em ter calos nos pés pelos sapatos e sandálias (eu já tentei,mas tudo me causa dano),não poder ir ao salão sem ter que correr e burlar horários, não tirar aquela sonequinha depois do almoço ou beijar deliciosamente a filhinha quando ela chega da escola (porque estou no expediente ). Ainda por cima "morrer" de medo de ser demitida porque faltei pra levar a filha ao médico ou porque eu mesma adoeci. Chego a conclusão de que o mundo masculino é bem mais feliz nestes casos. Tudo bem, algumas colegas dizem que vencem tudo isso quando vão ao shoping e pagam elas mesmas as suas compras. Justíssimo. Pra elas. Pra mim não sobra. Mas resta o consolo de que um dia eu também chegarei lá. Pelo menos eu estou tentando. Desistir não. Investir é a palavra que melhor se encaixa agora. Mas não posso negar o fato de que também gosto de ser "mulherzinha". De vez em quando. E só. E não para qualquer um. Porque "mariazinha" já não sou faz tempo. Maria. Cristiane Maria,melhor escrevendo. Cris. Para os íntimos. E só!

Beijos de uma fênix.
CRIS.

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