sábado, 24 de maio de 2008

SAI DESSA...


O que me tira do sério nem sempre retorna ao normal. Fica algo inacabado e incerto, como que planejando eternamente o desapego de quem o causou!



Esta semana acredito ter perdido a confiança em alguém que muito fez por merecê-la. Meio que intolerante diante de um mal momento meu, ou talvez, sem a parcela de entendimento necessária à nossa troca de energia verbal. Sei lá. É a minha dicotomia sinalizando a hora certeira do capítulo seguinte.



E me pegou de surpresa. Taí um mérito que poucos têem, por isso mesmo considerar imensamente o fato e a pessoa em questão. E me deixou, viajante incrédula, no limiar de uma bifurcação!!! Sai dessa que eu quero ver...



Mágoas sim, esquecimento acelerado antes que venha o desejo de réplica e falte-me o reforço da calmaria e polidez!!! Não valerá a pena. Melhor deixar a desdita pelo avesso e arrancar à marcha ré. Lá atrás, provavelmente, ficou um rastro do que deveria ter sido a amizade e deitar conhecimento antes de confiar!!



Pra quem entendeu, mil beijos e reverências!

Pra quem "boiou", o mesmo!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ÉRAMOS TRÊS!!


Ao longo destes meus vinte e um anos de Rio de Janeiro, nem tudo foi normal, nem todos que vieram ficaram, algumas pessoas passaram simplesmente, outras se arrastam ainda em minha sombra. Porém, algumas delas marcaram espaço e evocam, vez em quando, as minhas lembranças. E o mais interessante é que pessoas e momentos me parecem repetir o passado em dias presentes. Mas isso depois explico...
Éramos três: Denise ( com "i" e "s" ), Sandra e eu.
Denise era a mais engraçada, falava palavrão como quem bebe água, tinha uma experiência de vida das mais tumultuadas, por vezes triste, mas jamais normal. Cheguei a acreditar que ela nem sabia o significado de metade das palavras que dizia. Elogiava mulheres elegantes sem,contudo, conseguir ser uma delas. Se esforçava uma ou outra vez,mas não conseguia. O que lhe faltava era assumir que seu estilo era outro, sua personalidade não condizia com o que admirava,mas era muito boa companhia para quem quisesse rir muito!!!
Sandra, casada pela segunda vez, tinha uma filha do primeiro marido e um casal do segundo. Detestava acordar cedo, vivia atrasada, dirigia muito bem e não ligava pra vida doméstica. Seu "lance" era fumar, sair muito e beber umas cervejinhas. Ela era o que eu defino "boa vida". Não era rica, mas não se importava muito com coisas do dinheiro,queria diversão. Foi apresentada à Denise por mim.
E eu, considerada por elas como "a certinha", a politicamente correta. Casa sempre impecável, a filha ( na ocasião só tinha uma ) linda,bem cuidada, marido fiel ( ? ), estas coisas "normais". Toda tarde vinham à minha casa,depois de colocar os filhos na escola, feito eu, pra tomarmos café e conversar. Não posso negar que ria muito, sentia prazer na companhia delas, mas quase nunca saíamos juntas. Pelo machismo e egoísmo do marido, eu não poderia sair com elas, seria considerada traidora e vagabunda. É... quando não se escolhe bem o companheiro, dá nisso. Não saía nem com ele, sempre havia uma desculpa. Mas isso é assunto pra outro capítulo,rs!
A casa da Denise era nosso "point" de verão e comemorações. Ah!!! Festas memoráveis tivemos alí. Lembro de um reveillon com as amigas juntas, as famílias, as crianças e o banho de piscina à meia noite. A casa dela ainda está lá, enorme, mas exigindo cuidados urgentes que nem ela nem o marido,( ops, agora é ex ) se dispõem a dar. Uma pena! Sandra não fala mais com Denise, muita coisa aconteceu que nem sei mais. Mudei-me pra um bairro totalmente contra-mão para ambas as duas, que ainda moram na mesma rua. Denise se separou, mas ainda vive na mesma casa com o ex por não ter emprego nem como se sustentar sozinha. Os meninos cresceram, cada um com um destino diferente,mas não gostam de estudar. Sandra já é avó. A primeira filha casou e lhe deu um neto, que ela cuida, pasmem, acordando cedinho para isso! O outro casal de filhos cresceu tbm, o rapaz trabalha,não gosta de estudar e a mocinha é estudiosa,ficou linda e namoradeira que só.
E eu, minha filha mais velha já é quase uma jornalista, muito inteligente. Tenho a Lulu, esperta, linda, artista nata e mau humorada!!! A casa é cuidada,mas não tanto quanto antes. Também me separei e ainda vivo com o ex, mas a minha história é outra, bem diferente da minha amiga Denise. Espero em Deus poder sair daqui ainda este ano. É isso.
Mas a saudade daquele tempo fica sem saber pra onde ir, já que agora trabalho, não as vejo mais com frequência e continuo na contra-mão! Recentemente estive na casa da Denise e ela ainda falava com a Sandra. Brigaram logo depois,nem sei o motivo. Mas isso não importa, para mim ainda somos três amigas, mesmo que na memória desta aprendiz de escritora e sempre sonhadora!!!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

UM DIA DE CADA VEZ.



Só nos damos conta das coisas simples em determinados momentos ou fases de nossa vida. Descobrí que sou tão vulnerável quanto papel na chuva, mas que também me transformo feito ele depois de um mergulho nas profundezas pluviais. Foi por um dia feito hoje, que refiz um caminho já há muito ignorado e empoeirado na memória...


Comemoração do "dia das mães" no colégio de minha filha caçula e jamais, sob nenhum pretexto faltaria. Assim sempre foi e sempre será. Conheço , mas não aprovei em tempo algum, a forma como o fazem, a maneira de conduzirem a data,mas enfim, sou uma andorinha em vôo solo e cinzento. Até já ousei comentário e sugestão,sem efeito. No entanto, este ano, foi grata a surpresa.


Por questão financeira ou sentimental, o que não vem ao caso, optaram por uma coisa bem simples, uma idéia remota mas extremamente feliz e saudável para todos. As crianças confeccionaram, adaptaram o presente para as mamães. Não poderiam ter tido escolha melhor! Havia mesa com bolo e docinhos,tipicamente de uma festa e as crianças prepararam pequenas encenações, corais ou recitaram poesias. Tudo bem simples,mas de bom gosto e tocante mesmo. Chorei desde a primeira apresentação. Minha filha é uma escritora por natureza e é dela todo texto,toda peça,todo ensaio solicitado pela escola. Este ano não foi diferente. E lá estava eu, no aglomerado de gente; mães,pais,avós,tias,uma multidão ávida em tirar fotos,atender celulares, trocar gracejos e buscando o melhor ângulo para serem notadas.


O que me chamou atenção foi ter podido,pela primeira vez,observar as pessoas que alí se encontravam sob novo contexto e direção. Impressiona que tanta importância se dê ao tão famigerado 'ter" enquanto as crianças que alí estavam nada mais precisavam do que o par de olhos da mãe, reluzente e feliz em vê-los ansiosos e orgulhosos em mostrar o motivo de tantos ensaios, tanto preparo muita dedicação! Ao invés disso, clamavam seus carros novos, temiam amassar a roupa e atendiam em profusão seus celulares de última geração. Sustentavam suas poderosas máquinas digitais como quem sustenta o troféu de grande prêmio vencido. Comparavam-se umas as outras feito ourives analisando pedras preciosas. E tudo afinal fez sentido para mim. De um lado, a simplicidade das crianças, de outro a ostentação e poder. E no meio, a inigualável oportunidade de ensinamento e aprendizado!


O grande e verdadeiro prêmio quem levou fui eu. Sentada à frente das crianças da turma de minha filha que se preparavam para iniciar a apresentação deles, já começava a derramar minhas lagriminhas quando a professora tomou o microfone e mandou: "A nossa escritora, autora do texto que agora apresentamos, está por demais nervosa para apresentá-lo. É dela o direito à isto e para acalmá-la e tudo correr bem, solicito a presença de sua mãe a seu lado neste momento".


Ferrou!!!


A única mãe, naquela multidão toda, que ficaria em destaque absoluto e ao lado da filha num momento como este. As pernas tremeram, mas a última coisa que faria era retroceder. De jeito nenhum. E fui pra lá, feito destaque em desfile ( rsrs ), abraçar minha filha e receber aplausos enquanto ela iniciava a leitura. Ao final, nosso abraço emocionante e molhado de lágrimas, enquanto aplaudiam mais e mais. Quem gostou ficou de pé, quem não gostou tbm,rs...


Na apresentação de uma turma vizinha à dela, um pequeno teatro, onde um menino representando Deus dizia à uma criança que reencarnaria: " O Anjo que te acompanhará por toda existência, chamarás de MÃE!!!"


E viva a minha peneira!!!!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - PARTE 2




Quando se toma toda a consciência do que se passa ao seu redor, ainda não se sabe o que está por vir. Na verdade, a "ponta do iceberg" não é vista à olho nu, não há tempo nem sabedoria que a torne fácil e desnuda. Sentimos tudo e nos parece esfriar todo o corpo e arder a alma em questões e prazeres esquecidos. Tornamos-nos estranhas à nós mesmas e todas as outras coisas que antes faziam sentido, esvaziam-se de nossa vida!



Após o "choque", as providências. E tomadas de uma a uma, numa prioridade que varia de acordo com o tamanho da surra, a extensão de palavras e injúrias, as mágoas, a quantidade de lágrimas ( ou não ) e a integridade da razão. Sentimento?? Este fica guardado na gaveta. Foi cruelmente aniquilado e por tempo indeterminado. Agora somos apenas seres humanos, mães em potencial e mulheres por imposição. E é exato este o caminho das pedras...e que pedras!!



Quem inventou a união,trouxe por tabela, a separação. Desunião é contrário,não se aplica aqui, não é do nosso dicionário agora,já passou e foi um dos motivos. O que a gente não sabe, não é explicado e não acompanha bula, é que este é um lento e doloroso processo, em que a cada dia, mais surpresas desagradáveis se esparramam e menos de nós vai sobrando pra contar a história toda de uma só vez. Se a gente não tem filhos, junta os pertences e sai logo da agonia. Não lamenta no chão, não cerra círculos, derrete-os! Mas qdo eles existem, há ainda muito mais pra vivenciar desta ausência de nós mesmas, deste abismo que se apresenta eloquente e envaidecido por nos sugar.



A parte que não se entrega, não minimiza as dores, não encerra a voz dos atos e da tocaia infeliz aos nossos méritos, tudo torna noite eterna e se compraz numa vingança incompatível e atroz. Quem apanhou, quem desmereceu , se entrega ao ostracismo e vaga em dias de intranquilidade, medo e tristeza ao ver os filhos amados, serem, um a um, envolvidos numa cruel e absolutamente desnecessária guerra que nos parece cada vez mais irrefreável. COVARDIA!!



Tal qual Anjo em fúria, questiona-se a ausência de suas necessidades, implode o carinho outrora aquecido e descem vertiginosamente as lágrimas infantis. O amor até alí espontâneo, torna-se agora supérfluo para aquele que causa a dor, a apatia e o descaso. Vêem os laudos negativos e escuros de um tratamento dispensado e subterfúgios são absorvidos feito água em esponja e aí coloca-se em "xeque-mate" uma infância iluminada!



A violência doméstica, não só cospe desilusão na mulher vítima, como tbm e certamente se lança sobre os inocentes antes abrigados ao amor de mãe cujo coração agora é o meão silencioso nesta guerra. Soa o alerta mais uma vez, está lançada a coragem e os passos seguem em frente em busca do embate final,deixando nas trincheiras mal acomodados, os filhos que nada pediram, pouco exigiram e muito agora arrebatam as sobras do que um dia foi a paz!!!



Numa guerra não há culpados, não existem os vencedores. Há perdas, há abnegação dos que se reconhecem no erro e há sobreviventes. Mas há tbm o medo, o frio e a fome. Talvez não de alimentos físicos, mas espirituais! E quase sempre, aquele que se julga vencedor, não pode desfrutar do troféu e da verdade, precisa primeiro enterrar seus mortos e refazer sua vida. Galgar, um por vez os degraus da nova vida e afastar pacientemente as pedras que irão surgir. Precisa sabedoria e recomeço e não tem tempo sequer de verter as próprias lágrimas. Acolhe o trabalho e enlaça o otimismo. Afinal, sempre haverá um laço, uma flor, uma janela aberta para vislumbrar o novo nascer do sol!!!

E não é que ele nasce para todos, o sol está em cada um ! É que alguns não conseguem perceber o exato instante em que ele se revela à nós!

ASAS - PARTE 1

O perigo de se estar bem próximo ao penhasco, é que muitas vezes a terra está se desprendendo e não tomamos conta disso. Um passo em falso e caímos no vazio sem volta. E, acredite ou não, nem sempre o chão é o limite. O encanto da paisagem, do vento e da sensação de liberdade não costuma valer tanto empenho e coragem. Vislumbrar a imensidão do alto, não se ater a pastagens apenas, pode se transformar num elo disforme para o arrependimento. Há quem se desfaça de toda roupagem segura de alma e parta feliz e soberbo nesta direção. Há os que caminham lento, provendo verdadeiros freios hora e meia. Há os que colocam um pé de cada vez e retrocedem os dois juntos. Mas há tbm aqueles que,além de se colocarem à frente dos outros,estendem as mãos para trás buscando as de outrem e os impulsionam velozmente. Muitos acreditam que podem voar, as asas lhe são natas e ocultas,esperando o grato momento de se abrirem e assim, alçarem vôos mais tranquilos e encantadores!


E eu?


Onde me permito estar entre todos estes? Onde me guardam asas, instantes de permissão e sagacidade?


Busco minha rota, talvez o meu penhasco não esteja onde o deixei ou, provavelmente já o tenha esquecido. Caminhos que levam diferem dos que nos trazem de volta e a terra pode ter ficado estável demais pra me fazer escorregar e cair. Ou então, alguém está me estendendo as mãos, tentando me alcançar e dar impulso,mas estou distraída demais pra perceber!!!


Mas tenho asas...sempre as tive. Embora na maioria das vezes me esqueça disso!


sábado, 3 de maio de 2008

UM CERTO OLHAR, UM CERTO ALGUÉM

Não quero falar de um olhar comum, de um lugar à dois.

A linha que separa o impróprio do desejo é muito ética, não permite divagações. Mas há que se lembrar da vida que contém , anima o pensamento e explode em vontade o corpo viril.

Não posso esperar daquele instante, o gotejar de palavras desconexas e não permitidas em variar a direção, mas ainda assim, posso me ater àquele olhar intencionado que incendeia e pressupõe!

Um certo olhar, um certo alguém...e a insistência em subtrair de quem nada mais tem, alguma coisa de sobrevivente. O brilho que seduz e alimenta a quem nenhuma vontade mais possui. A côr que enfeita o dia da pessoa que se tornou preto e branco e persiste na ausência de um jardim!

Um dia de olhar vazio, o que aparece e preenche, que sacode as folhas sêcas e arrasta pro nada mais, quem tudo precisa ter!

Poderia ser qualquer coisa,qualquer dia, mas foi apenas um certo olhar e um certo alguém!