terça-feira, 19 de outubro de 2010

É. Eu pareço estar mais surda. Fazer o que?
Falo maior, me expresso maior, entendo menor e ouço menor. É música?
Eu lembro de fatos passados na infância. Aquele trem nervoso. Era o medo?
Eu cresço de forma desordenada. Pra baixo, pros lados. Pra dentro. Tem volta?
Não há palavras onde não há ouvidos. Pareço enfeite. Alguém me ouve?
Entendo retardadamente. Falta espaço na mente. Na sala. No ventre. O meu?
Deixo passar a vontade. A cena. A piada. O romance. Apagaram os ouvidos?
Eu não sobro. Eu falto. Oculto a opinião. O lero. O ensaio. Quem vai hoje?
Me embrulho, não visto. Sonho apertado. Sina de trapo. Vende ou aluga o passo?
É. Não pareço estar surda. Eu não sou. Fiquei deficiente. De um lado, de "meio-dois".
Seguro o abraço. Não te largo. Preciso e te cato. Relaxo. Li você gritando. Caso?
Passa o recado. Leva o passado. O trem se foi ao acaso. Despeço.

Cris.

Nenhum comentário: